Folha de S.Paulo

Nomes independen­tes reforçam moda nacional

Ceará e Minas Gerais se tornam plataforma­s para estilistas que repensam formato de venda e códigos da costura

- -Pedro Diniz belo horizonte e fortaleza O jornalista viajou a convite da Fiemg e do Dragão Fashion Brasil

Na costura nacional, a São Paulo Fashion Week é considerad­a a maior vitrine da moda, mas, para um país com o tamanho e a diversidad­e do Brasil, um único evento consegue apenas fazer um recorte do potencial de seus estilistas.

Por isso, plataforma­s de apresentaç­ões como Minas Trend, em Belo Horizonte, e Dragão Fashion, em Fortaleza, servem para expandir o olhar sobre a criação de moda de outros estados e, em suas últimas edições, provaram o amadurecim­ento de nomes fora do eixo Rio-São Paulo.

Exemplo de solidez de mercado, a grife Skazi, que fez 25 anos e apresentou seu verão 2019 em abril, no Minas Trend, é ponto fora da curva no cenário de crise da costura.

A moda fácil criada por Eduardo Amarante para a grife do empresário Vander Martins vende quase 160 mil peças por ano e já está em 11 países.

O segredo foi criar uma fórmula para tentar atender ao maior número de mulheres possível com coleções que seguem blocos de inspiraçõe­s sob um único tema—o que difere do modelo fast-fashion, alimentada pelas tendências de última hora.

Em sua última passarela, opções para noite bordadas com paetês 1 faziam par com propostas diurnas, mais leves e listradas, com modelagem ampla. Em outubro, as roupas já embarcam para Paris, sede da moda internacio­nal.

Berço do bordado e da moda festa nacional, Minas conseguiu exportar outras grifes, como a Arte Sacra, das irmãs Carolina e Marcella Malloy, que já ganharam o mercado Oriente Médio e, ainda neste ano, chegam à Europa.

É lá que o cearense David Lee irá expor a moda masculina que desfilou no Dragão Fashion, no início deste mês. O designer de Fortaleza foi convidado para o Internatio­nal Fashion Showcase, plataforma para novos talentos que ocorrerá na programaçã­o paralela da semana de moda de Londres, em setembro.

Um dos destaques do evento cearense, que abraça grifes nordestina­s reconhecid­as pelo viés autoral, Lee desconstru­iu códigos de masculinid­ade em sua coleção. O “underwear” e a alfaiatari­a foram bases dos conjuntos coloridos criados por ele 2.

A força do pequeno negócio com potencial de exportação também é a raiz de Almerinda Maia, outra revelação do evento cearense.

O trabalho de rendas|, próprio do Nordeste, foi modelado em conjuntos de calça e blusa e vestidos decotados, uma imagem descolada daquela do artesanato sem conteúdo de moda 3.

Desconstru­ir o luxo e repensar os signos da cultura têxtil nacional é o que fez Gisela Franck, talvez a mais criativa da geração de novos estilistas cearenses.

Ex-designer da grife de moda praia Agua de Coco, ela usou fibras naturais para criar um minimalism­o sutil, com peças vazadas em cortes precisos em formato de flores.

Sua passarela foi um exercício de moda construída como dobraduras de papel, com peças feitas em linho e gazar e crepe de seda pura 4 , que chegarão às lojas em junho. O próximo passo, segundo ela, é montar um plano de negócios com pequenas multimarca­s.

“Esse é o novo varejo consciente”, resume Franck.

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