Fogo em centro para infratores em Goiás mata 9 adolescentes
Unidade funciona de forma improvisada em batalhão da Polícia Militar desde os anos 1970
Ao menos nove adolescentes morreram ontem em incêndio em alojamento do CIP (Centro de Internação Provisória), em Goiânia. O espaço abrigava 11 dos 70 internos da unidade, que funciona de forma improvisada.
Ao menos nove adolescentes morreram na manhã desta sexta (25) no incêndio de um dos alojamentos do CIP (Centro de Internação Provisória), em Goiânia.
Outro interno foi socorrido pelos bombeiros. O hospital para onde ele foi levado informou que o estado de saúde dele é gravíssimo —respira com ajuda de aparelhos e teve 90% do corpo queimado.
De acordo com a Secretaria Cidadã, responsável pela unidade, os adolescentes atearam fogo no local. O governo nega que tenha havido rebelião.
O número exato de feridos não havia sido divulgado até a conclusão desta edição. O Corpo de Bombeiros informou que foi chamado às 11h27 e enviou quatro caminhões para apagar as chamas e fazer o resgate dos jovens. Cerca de 70 internos estão no local por determinação judicial. O alojamento incendiado tinha 11 adolescentes.
De acordo com Luzia Dora, diretora-geral do Gecria (Grupo Executivo de Apoio à Criança e ao Adolescente), vinculado à Secretaria Cidadã, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil precisam concluir os trabalhos e liberar o local para que o governo possa divulgar informações mais detalhadas sobre o caso.
A unidade funciona de forma improvisada dentro de um batalhão da PM e padece de infraestrutura precária, com fios elétricos expostos e infiltrações nas paredes.
“É uma fatalidade absoluta”, disse Luzia .“Essa unidade funciona desde a década de 1970, em local adaptado, e nunca teve um óbito”, acrescentou.
O CAO (Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude) do Ministério Público de Goiás informou que a unidade do CIP no batalhão da PM deveria ter sido desativada há pelo menos cinco anos, considerando prazo estabelecido em um acordo firmado em 2012 com o estado.
O estabelecimento de internação de infratores não foi interditado após o incêndio.
Segundo a Secretaria Cidadã, a suspeita é que os adolescentes tenham usado fios da rede elétrica para gerar fogo a partir de um curto-circuito. “Eles fazem pela rede elétrica. Mesmo que retire a lâmpada e passe a gaiola de proteção, eles fazem o fogo pelo curtocircuito”, disse.
Assim que foi informado pela Secretaria Cidadã sobre o incêndio na unidade de internação de adolescentes infratores, o governador de Goiás, José Eliton (PSDB), determinou à equipe de auxiliares a imediata tomada de providências e medidas necessárias para a apuração das causas da tragédia. Ele ainda disse que haverá apoio aos familiares dos internos, que foram encaminhados para um auditório dentro do batalhão.
O governador também antecipou seu retorno a Goiânia do Encontro de Governadores do Brasil Central, em Cuiabá, para acompanhar e designar providências necessárias do governo. O CIP funciona no Jardim Europa, na região sudoeste de Goiânia. Tem 60 leitos para adolescentes do sexo masculino. Nesta sexta, operava acima da sua capacidade.
Na região oeste, funciona o Case (Centro de Atenção Socioeducativo), com cerca de 170 adolescentes. A unidade tem ala feminina separada, além de alojamentos de segurança com quartos duplos.
“É uma fatalidade absoluta. Essa unidade funciona desde a década de 1970, em local adaptado, e nunca teve um óbito sequer
LUZIA DORA
Diretora-geral do Grupo Executivo de Apoio à Criança e ao Adolescente