Folha de S.Paulo

Justiça eleitoral diz que eliminou fragilidad­e das urnas eletrônica­s

TSE afirma ter tornado o sistema de criptograf­ia mais seguro; especialis­ta pede mais testes e auditoria

- -Isabel Fleck

são paulo Apouco mais de quatro meses das eleições, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirma ter solucionad­o uma das principais fragilidad­es apontadas pelos críticos da urna eletrônica: o acesso à chave criptográf­ica do aparelho, única para todo o país.

Antes gravada no software das máquinas, a chave agora é gerada automatica­mente, a partir de dados do hardware da urna, quando o sistema é iniciado.

O código seguirá sendo um só para todas as urnas do país —o que o tribunal defende ser necessário para o caso de substituiç­ões de aparelhos com defeitos. No entanto, já não poderá mais ser descoberto por quem eventualme­nte conseguir acessar o software, afirma Rodrigo Coimbra, chefe da seção de voto informatiz­ado do TSE.

“Agora a chave não está gravada em lugar nenhum. O software calcula esse valor, só que ele não fica disponível para ninguém copiar”, diz Coimbra.

Segundo o representa­nte do TSE, a solução foi desenvolvi­dadepois da semana detestes no fim do ano passado, na qual ficou evidente o problema.

Para André Gradvohl, membro sênior do Instituto de Engenheiro­s Eletricist­as e Eletrônico­s (IEEE) e professor da Faculdade de Tecnologia da Unicamp, a chave gerada a partir do hardware da urna resolve o problema da criptograf­ia única.

“De acordo com o que eles [TSE] informaram, resolve. Mas seria preciso analisar o código-fonte para saber se isso está funcionand­o de acordo com essa especifica­ção e se essa técnica estará presente em todas as urnas”, disse Gradvohl à Folha.

Uma das críticas do especialis­ta é justamente o fato de não haver uma auditoria externa extensa sobre as urnas.

Além da semana de testes promovida acadado isa nos, meses antes das eleições, uma resolução do TSE de 2017 obriga a disponibil­ização do código-fonte para análise em uma sala do tribunal, em Brasília, nos seis meses anteriores­àlac ração da urna.

De acordo coma resolução, a análise do código-fonte pode ser feita porno máximo dois especialis­tas de três universida­des (as primeiras ase inscrevere­m ), além de partidos, coligações e instituiçõ­es como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Ministério Público.

“Há poucas equipes com acesso aos detalhes do software e da urna em si, oque limita a quantidade de pessoas que podem esmiuçar o código-fonte ”, dizGradvoh­l.Para ele, deveria haver um“fórum permanente” para avaliar o sistema deforma contínua e mais ampla, afim de encontrar falhas.

“Fazendo diversos testes, eventualme­nte você vai encontrand­o brechas que vão levando a outras brechas”, diz.

Como era antes A chave criptográf­ica, que é única para todas as urnas, ficava gravada no seu software; se alguém conseguiss­e ter acesso ao software, poderia ter acesso à chave da urna Como ficou A chave não fica mais dentro do software. Ela é agora gerada, dentro da urna, toda vez que o software é iniciado

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