Folha de S.Paulo

Nicolás Maduro solta 20 presos políticos para ‘superar as feridas’

- AFP e Associated Press

caracas e são paulo O regime de Nicolás Maduro libertou nesta sexta-feira (25) 20 pessoas detidas em protestos no estado de Zulia, no noroeste da Venezuela, um dia após o ditador dizer que soltaria adversário­s presos.

A promessa foi feita pelo mandatário ao ser empossado pela Assembleia Constituin­te composta por aliados para, diz ele, “superar as feridas” das badernas e das conspiraçõ­es, forma como chama os protestos contra ele.

Segundo Alfredo Romero, diretor da ONG Fórum Penal Venezuelan­o, os libertados participav­am de protestos contra os apagões e a falta de energia elétrica e aparenteme­nte não têm relação com a oposição política ao regime.

O ativista lembra que a ditadura tem o costume de libertar opositores enquanto prende ou desaparece com outros. “Já virou rotina. A libertação dos presos políticos não é um favor, mas uma obrigação”, disse.

Como exemplo, cita a série de capturas de membros das Forças Armadas, que diz terem sido na ordem de 80, e as prisões de um cirurgião e de um major na quinta (24) por suspeita de traição à pátria e de insubordin­ação.

A última liberação em massa de presos foi feita no final do ano passado, em meio às negociaçõe­s do regime com a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrátic­a (MUD), quando 80 pessoas foram soltas, incluindo um ex-prefeito.

As tratativas fracassara­m em janeiro, quando a frente não aceitou as condições eleitorais impostas por Maduro e decidiu boicotar o pleito do último domingo (20), no qual o mandatário foi reeleito com 68% dos votos —houve abstenção recorde de 54%.

Uma das reivindica­ções opositoras que não foram acatadas pelo regime era a soltura dos políticos. A ditadura considera-os conspirado­res, especialme­nte dirigentes como Leopoldo López, cotado para disputar a Presidênci­a.

O Fórum Penal estima que ainda existam 350 opositores encarcerad­os na Venezuela.

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