Obrigada, a gente se vê por aí
Após quase três anos e meio, escrevo pela última vez no caderno Esporte
Aqui jaz minha última coluna no caderno de Esporte, depois de quase três ano semeio. A Folhame deu liberdade total para escrever, sem filtro e sem censura, e trazer ao caderno o olhar alienígena de alguém sem intimidade com o tema. Para falar de futebol e suas tecnicidades o jornal tinha e tem profissionais brilhantes como Tostão, JucaKfo uri ePVC, ídolos com quem tive a honra de dividir espaço.
Não foi e não é fácil assumir o desafio de fugir do monopólio do futebol, que asfixia os outros esportes e sufoca a
cobertura esportiva. Tampouco foi confortável receber críticas em que muitas vezes o foco não era o assunto em si, mas a minha condição de mulher numa área muito masculina.
Mas como diz Simone de Beauvoir, missão dada é missão cumprida. E parafraseando a pensadora contemporânea, Valesca Popozuda, o que não me mata me fortalece.
Brincadeiras à parte, neste tempo, ficou claro que o esporte profissional brasileiro é um retrato do que somos como país. A violência das ruas que se repete
nos estádios, o racismo escancarado nas torcidas, o machismo enfrentado por atletas e profissionais, a homofobia que faz do futebol, talvez, o esporte mais hipócrita e alheio à agenda atual, o assédio que atinge crianças, adolescentes, a necessidade do reconhecimento da existência e do respeito aos transgêneros.
É triste constatar que as coisas só vão melhorar na área esportiva quando o próprio país conseguir resolver, ou ao menos diminuir, suas mazelas. Mas o brasileiro tem amadurecido e mostra que sua indignação
coma corrupção no país atingiu também um ade suas maiores paixões, o futebol.
Desde depois da Copa do Mundo, escrevo que o Brasil talvez não seja mais o país da bola. Em comparação com o passado não muito distante, o esporte parece ocupar cada vez mais um lugar secundário em nossas vidas. Essa percepção que reportei aqui de tempos em tempos foi comprovada pela pesquisa divulgada recentemente pelo Datafolha.
Um dosassun tosquem aisfre quentou ess acoluna foi a Olimpíada.
O Rio de Janeiro, onde moro, vivia uma euforia e foi ótimo saber que o então prefeito reclamou do mau humor da cobertura do evento, em especial afeita pores saque vos escreve. Percebe-seque o“mau humor” era apenas constatação da realidade.
Nessa página falei do absurdo da farra feita com dinheiro público quando o governo estadual já começava a atrasar o salário dos servidores aposentados. Questioneis e acida detinha capacidade de sediar tal evento quando os índices de violência já estavam em patamares escandalosos. Mas as maiores vítimas eram apenas os pobres da periferia e isso parecia não incomodar.
Falei também da guerra que acontecia entre grupos rivais de traficantes nas favelas cariocas poucas semanas antes da Olimpíada eque era pouco noticiada porque não colocava em perigo a região cartão-postal da cidade.
Além da água podre que continua abanhar mares, lagoas e a baía, apesar do compromisso olímpico. Lá atrás, disse que não daria tempo eque o COI( Comitê Olímpico Internacional) de- verias ermais rigoroso ao cobrar do Rio e do Brasil que esse legado fosse cumprido.
Sabemos agora que o Rio se despedaçou depois que a festa acabou.
Mas um dos meus temas favoritos, e talvez mais polêmicos, foi o doping. Não tenho dúvida de que o esporte profissional está contaminado eque as agências reguladoras deveriam parar de fazer de conta que conseguem fiscalizar, enquanto está claro que há uma indústria mui tomais eficiente em burlara fiscalização. Deveríamos legalizar o doping? Deixo essa questão final.
Por fim, agradeço ao leitor pela companhia, por seus comentários e suas críticas. Nos vemos por aí.