Acusado de crimes sexuais, Weinstein se entrega à polícia
Produtor nega alegações de que teria estuprado uma mulher e forçado outra a praticar sexo oral
Acusado de estupro e abuso sexual, o produtor Harvey Weinstein, 66, se entregou à polícia nova-iorquina na manhã desta sexta (25).
Ele responde por crimes cometidos contra duas mulheres. Uma delas, vítima de estupro, não foi identificada. A outra é a atriz Lucia Evans, que afirmou ter sido forçada por Weinstein a fazer sexo oral nele durante uma reunião profissional em 2004.
Além delas duas, outras mais de 70 mulheres, incluindo Angelina Jolie, Salma Hayek e Gwyneth Paltrow, acusam o outrora poderoso executivo de abusos sexuais.
Essas histórias vieram à tona em outubro de 2017, após reportagens publicadas no New York Times e na New Yorker, e detonaram o surgimento de movimentos feministas como o MeToo e o Time’s Up.
O produtor nega as acusações de sexo não consentido.
Algemado, Weinstein foi conduzido às autoridades em meio aos cliques de fotógrafos e berros de repórteres. A cena, como notou o New York Times, foi “espelho” das passagens do produtor por tapetes vermelhos de festivais e premiações do cinema. Ele também carregava três livros, incluindo uma biografia de Elia Kazan, cineasta chamuscado por escândalos políticos.
No depoimento à polícia,
o executivo permaneceu em silêncio, e seus advogados concordaram que ele pagasse uma fiança de US$ 1 milhão (R$ 3,6 milhões) e usasse um equipamento de monitoramento eletrônico para poder responder em liberdade.
Defensor de Weinstein, o advogado Benjamin Brafman disse aos repórteres do local que seu cliente irá buscar provar sua inocência. “Ele não inventou
o teste do sofá em Hollywood”, disse. Acrescentou que os depoimentos das mulheres não serão levados em conta pelo júri, “isso se seus membros não forem contaminados pelo movimento”. É uma referência ao MeToo.
Em seu perfil numa rede social, a polícia de Nova York agradeceu as “corajosas sobreviventes por sua bravura em buscar justiça.”
A notícia do depoimento de Weinstein também repercutiu entre celebridades do cinema.
A atriz italiana Asia Argento, que afirma ter sido estuprada pelo produtor durante o Festival de Cannes de 1997, tuitou que estava “grudada na tela” acompanhando a transmissão. “Será seu primeiro passo rumo à descida ao inferno.”
Já Rose McGowan, uma de suas mais famosas acusadoras, disse no programa de TV Megyn Kelly Today que teve uma “sensação boa” ao vê-lo sendo conduzido. Mas criticou o fato de ele ter caminhado como um “velhinho igual a Bill Cosby” (outro acusado de crimes sexuais). “Já sabemos o que está planejando.”
Weinstein também é investigado na Califórnia e na Inglaterra. Outros casos são mais antigos e prescreveram.