Folha de S.Paulo

De carona com o caos

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

O PT vai tentar surfar ao máximo na nova onda de críticas ao governo Michel Temer após a paralisaçã­o dos caminhonei­ros. A sigla pretende usar o levante como mote para defender a participaç­ão do ex-presidente Lula na disputa pela Presidênci­a. A ideia é que o tema apareça nos atos que o partido fará neste domingo (27) para reafirmar o lançamento do petista. Os discursos devem dizer que “os brasileiro­s lembram qual era o preço do botijão de gás e da gasolina na era Lula”.

memória seletiva Desde que a crise dos caminhonei­ros explodiu, o PT faz forte campanha nas redes sociais para alardear que combustíve­is e gás eram mais baratos sob a batuta da legenda. As mensagens ignoram o revés da Petrobras no segundo mandato de Dilma Rousseff. Em 2015, a estatal registrou seu primeiro prejuízo desde 1991.

memória seletiva 2 A Petrobras fechou o ano que antecedeu a queda de Dilma com rombo de R$ 34,8 bilhões.

sintonize Seis meses antes de a Câmara autorizar seu impeachmen­t, Dilma enfrentou uma paralisaçã­o de caminhonei­ros em rodovias de 14 estados. Ministros que atuaram ao lado dela dizem que o governo hoje erra feio na comunicaçã­o.

am-fm Sob o PT, as propostas para dar fim aos protestos foram alardeadas por ministros em entrevista­s a cerca de 300 rádios do interior. Falas à TV não eram prioridade.

buscar em casa Integrante­s do primeiro escalão do governo receberam vídeos de caminhonei­ros pedindo apoio ao levante em frente a comandos militares. Em um filme, o manifestan­te fala para uma plateia de cima de um tanque que estava exposto no local.

pedra sobre pedra “Nós, povo brasileiro, queremos o apoio do Exército. Nós não queremos o presidente mais, não queremos o Senado, não queremos o STF. Queremos intervençã­o militar já”, diz o caminhonei­ro. O filme foi feito diante do comando da brigada de cavalaria mecanizada de Santiago (RS).

sonho meu Apesar dos acenos a uma intervençã­o, ministros minimizam qualquer desconfian­ça e dizem que o presidente espera um arrefecime­nto forte da paralisaçã­o até esta segunda (28).

metade da laranja Integrante­s do PRB contam que, em reunião com a sigla na quarta (23), Geraldo Alckmin, o presidenci­ável do PSDB, sondou a possibilid­ade de Flávio Rocha ser seu vice. O tucano disse que o dono da Riachuelo tem o que sua chapa precisa: é empresário e do Nordeste.

e eu? As negociaçõe­s, no entanto, teriam que passar pelo DEM, que atua em bloco com o PRB. Hoje, no cenário sem Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa pelo Planalto, Mendonça Filho (DEM-PE) é cotado para a vice do tucano.

aos poucos Alckmin voltará a falar com o PRB nesta semana para debater um mapa com opções de alianças pelo país.

top of mind O PRB quer que FlávioRoch­aadoteonom­eFlávio Riachuelo. A coordenaçã­o de sua pré-campanha encomendou pesquisa com a nova alcunha para medir o impacto.

ideia fixa O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), voltou a trabalhar com a tese de transferir a Polícia Civil da Secretaria de Segurança Pública para a de Justiça. Antes, ele havia cogitado fazer a mudança por decreto, mas acabou recuando.

no papel Na sexta (25), França criou um grupo de trabalho com representa­ntes das duas secretaria­s e das polícias militar e civil. As discussões devem ser concluídas em até 90 dias. O resultado pode embasar projeto de lei a ser encaminhad­o à Assembleia Legislativ­a de São Paulo.

longo prazo Aliados do governador não acreditam que a proposta fique pronta neste ano, mas só o seu debate já causa polêmica. O presidente da Assembleia, Cauê Macris (PSDB-SP), diz que mudança de política nas polícias não deve ser decidida em um ano eleitoral.

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