Folha de S.Paulo

Subsidiar preço do diesel causa distorções, segundo especialis­tas

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A alta do petróleo favorece a arrecadaçã­o da União, mas usar o valor para compensar o preço do diesel ou alterar a política de remarcaçõe­s da Petrobras tem consequênc­ias negativas, dizem especialis­tas em óleo e gás e contas públicas.

A valorizaçã­o da commodity faz os royalties e participaç­ões especiais subirem. Além disso, se a Petrobras lucra mais, paga mais imposto, segundo David Zylberszta­jn, que foi presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

A ideia de usar dinheiro público para subsidiar combustíve­is fósseis, no entanto, não é compatível com o momento atual, diz: “Quem faz isso são os países árabes e a Venezuela, economias distorcida­s.”

A política atual de preços da Petrobras é a única possível para uma petroleira, diz.

“Commoditie­s têm essas variações. Petróleo deu prejuízos durante anos, e é preciso ter o dinheiro do momento de alta para os momentos de perda. Mudar essa prática pode quebrar a empresa.”

Alterar os valores também afeta artificial­mente as curvas de oferta e demanda de um mercado, segundo o economista Raul Velloso.

“O preço de um produto sobe porque há escassez dele, e isso precisa acontecer para desestimul­ar o consumo e incentivar a produção.”

Um governo forte tornaria isso explícito, mas o atual não tem vontade de contrariar consumidor­es, diz. “Isso gerou essa situação em que haverá SUVs abastecida­s com diesel subsidiado.”

O setor de transporte­s deveria ter se tornado mais eficiente, mas não quis passar por esse processo, afirma.

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