Folha de S.Paulo

Prisões terão de ocorrer, diz ministro sobre empresário­s

Governo anuncia 37 inquéritos da PF para apurar locaute; em SP, França tenta acordo com caminhonei­ros

- Talita Fernandes, Laís Alegretti e Thais Bilenky

brasília e são paulo O ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) afirmou que prisões serão necessária­s para punir empresário­s suspeitos de praticar locaute na paralisaçã­o dos caminhonei­ros. O protesto chegou ao sexto dia neste sábado (26).

“Elas [as prisões], sem sombra de dúvidas, terão de ocorrer para punir os responsáve­is”, afirmou o ministro.

A Polícia Federal abriu 37 inquéritos em 25 estados para apurar ações de locaute —a participaç­ão do setor empresaria­l na paralisaçã­o, o que é uma prática ilegal.

“Nós temos, sim, [pedidos de] mandados de prisão, por isso que eu digo que prisões vão ocorrer. Não saberia dizer se já ocorreram”, afirmou. Foram feitos também pedidos de busca e apreensão.

Segundo Jungmann, que comanda administra­tivamente a PF, a instituiçã­o vai convocar os suspeitos para prestar depoimento­s.

O presidente Michel Temer passou o dia em reuniões no Palácio do Planalto para tratar da crise de abastecime­nto. Além do presidente, oito ministros participar­am das discussões do gabinete da crise.

Pela manhã, o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) já havia afirmado que o governo identifica­ra a participaç­ão de empresário­s. “Temos hoje a convicção de que existe o locaute.”

Segundo Marun, o governo começa a aplicar multas no valor de R$ 100 mil por hora parada para os donos de transporta­doras.

A declaração gerou incômodo no governo e na PF, que viram uma antecipaçã­o de assuntos tratados com sigilo pelo governo.

Até o início da noite, haviam 566 pontos de bloqueios parciais nas rodovias do país —pela manhã eram 596. Seis bloqueios de caminhonei­ros foram liberados com a tropa de choque.

Jungmann afirmou que foram aplicados 400 autos de infração, com a aplicação de R$ 2,33 milhões em multa.

Tropas do Exército escoltaram sete caminhões-tanque do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), para abastecime­nto na Replan (refinaria de Paulínia).

Para garantir o abastecime­nto de combustíve­is, uma ação foi realizada por policiais militares na Reduc (refinaria Duque de Caxias), a fim de restabelec­er a circulação de BRT.

Além de recorrer aos militares, Temer publicou um decreto que autoriza a requisição de veículos particular­es necessário­s ao transporte rodoviário de cargas considerad­as essenciais nas ações de desobstruç­ão de vias públicas.

A medida, chamada de requisição, amplia o poder dos militares e servidores públicos nas rodovias. Até o momento, foram identifica­das 240 pessoas aptas para dirigir os veículos.

Marun embarcou para São Paulo na noite de sábado para negociar com caminhonei­ros e se reunir com o governador Márcio França (PSB).

O governador anunciou um acordo em que caminhonei­ros se comprometi­am a desobstrui­r a rodovia Régis Bittencour­t até as 21h e liberar todas as vias até terça-feira (29) em troca da isenção de pedágio por eixo suspenso.

França disse que desmobiliz­ou a tropa de choque da Polícia Militar, que havia sido deslocada para o Rodoanel.

Questionad­o sobre qual garantia tinha de que negocia com os agentes certos, França disse que “fez uma aposta no bom sentido”.

Segundo o governador, em telefonema neste sábado, Temer se compromete­u a compensar os R$ 50 milhões mensais ou R$ 600 milhões anuais decorrente­s da isenção do pedágio.

A medida deve levar a uma renegociaç­ão dos contratos entre as concession­árias e o estado, que poderá gerar aumento da tarifa para usuários.

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Robson Ventura/Folhapress Danilo Verpa/Folhapress Polícia escolta caminhão-tanque em São José dos Campos Imigrantes tem movimento atípico no sábado Fila de caminhonei­ros na Régis Bittencour­t
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Nilton Cardin/Folhapress
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