Folha de S.Paulo

Espelho, espelho meu

- por zeca camargo Zeca Camargo é jornalista e apresentad­or de TV

Daqui a dez anos as pessoas vão ser avaliadas em tudo que fazem numa escala de uma a cinco estrelas —e vão precisar de uma média boa se quiserem ir em frente na vida. Vão ter também memória infinita: qualquer dúvida do passado, só pressionar sua cabeça, encontrar o arquivo e rever o que passou. Será possível conversar com quem já morreu: empresas terão algoritmos capazes de “captar” a essência de uma pessoa e formular frases novas. E os aplicativo­s de namoro ditarão quanto tempo cada relação deverá durar. Nenhum desses cenários é otimista. Ou original. Todos foram tirados de episódios de “Black Mirror”, a melhor obra de ficção científica que apareceu até agora na televisão do século 21 (que um dia, diga-se, já foi também o futuro). E, como todas as tramas dessa série, trazem ideias que são quase possíveis —como se estivéssem­os apenas a um passo para elas realmente acontecere­m. O que não significa que vão acontecer. O exercício de adivinhar o que nos espera lá na frente é ao mesmo tempo um dos mais tentadores... e frustrante­s. Por isso mesmo, a única previsão que eu arrisco é que em 2028 ainda contaremos boas histórias. Criaremos novos universos, imaginarem­os novas realidades. Porque essa é a única força que realmente nos leva adiante: a nossa capacidade infinita de sonhar com o futuro.

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por power paola

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