Folha de S.Paulo

Crise afeta doações a vítimas de incêndio em SP

- Mariana Zylberkan

são paulo Da montanha de mantimento­s que ocupava boa parte da cozinha improvisad­a no largo do Paissandu, no centro de São Paulo, sobraram poucos sacos de arroz, feijão e macarrão.

As doações que não paravam de chegar ao acampament­o desde a queda do edifício Wilton Paes de Almeida, no dia 1º, que deixou mais de 200 famílias desalojada­s, estão cada vez mais raras após a paralisaçã­o dos caminhonei­ros que afetou a entrega de combustíve­l no país inteiro.

Sem ter como abastecer seus veículos, muitos voluntário­s que levavam comida, água e artigos de higiene com frequência ao acampament­o não apareceram mais.

Carros que descarrega­vam sobras de pães diariament­e também não circulam mais pelo largo. Com isso, o café da manhã e da tarde dos acampados tem se resumido a café preto e bolachas.

Voluntário­s que comandavam a cozinha improvisad­a também deixaram de ajudar. As refeições, que incluíam ao menos uma fonte de proteína e salada, têm se resumido a arroz, feijão e macarrão.

As caixas de isopor com gelo usadas para armazenar carnes, linguiças e salsichas estão vazias desde a última quintafeir­a (24), quando o abastecime­nto de combustíve­l na cidade ficou crítico. “Ainda temos doações de gelo, mas mistura, que é bom, nada”, diz Vera.

Cerca de 30 famílias continuam acampadas no largo do Paissandu à espera de uma garantia de moradia. Ainda há muitas crianças no local, apesar das condições insalubres.

Elas dormem em barracas, sujeitas às baixas temperatur­as dos últimos dias. A Promotoria de Infância e Juventude expediu liminar que exige da prefeitura dados detalhados sobre as famílias e melhores condições de trabalho aos conselhos tutelares.

A gestão Bruno Covas (PSDB) afirmou que os moradores do prédio cadastrado­s antes da tragédia estão recebendo auxílio-moradia.

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