Folha de S.Paulo

Silva faz as pazes com a cultura brasileira em novo álbum

Cantor capixaba lançou o disco ‘Brasileiro’, que reúne parcerias com Arnaldo Antunes e Ronaldo Bastos

- -Victoria Azevedo Luciana Coelho

“Derrubaram a palmeira do bicho” / Bob diz, tudo bem /Nunca vi um sabiá por aqui /Eu já me perguntei /Como a gente vai ser brasileiro /Não abrace o desdém /Muita gente não gosta daqui”.

O cantor, multi-instrument­ista e produtor capixaba Silva, 29, se inspirou na “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, para introduzir a música “Nada Será como Era Antes”, que abre seu novo álbum, “Brasileiro”, que chega às lojas físicas a partir de segunda (4). Nas plataforma­s digitais, o disco foi lançado na última sexta (25).

Apesar da obra do poeta nacionalis­ta ser um louvor ao Brasil, Silva reconhece os tempos turbulento­s e critica os brasileiro­s (inclusive parentes seus, que foram morar em Miami) que resolvem ir embora sem ajudar o país.

Ainda assim, ele optou por focar energias positivas no novo CD, para que as pessoas pudessem encarar a realidade com mais esperança.

“Problemas políticos vão passar e a música vai ficar. Não estou a fim de registrar essas coisas ruins”, diz, ressaltand­o que, ainda assim, ironias e críticas estão contidas nas letras.

Ele confessa ter sido atingido pelo complexo de vira-lata de alguns brasileiro­s de hoje, que acreditam que, musicalmen­te, o que vem de fora é melhor. “É importante ter identidade cultural. Somos um povo muito rico”. Um dos alicerces do disco é o livro “O Povo Brasileiro”, de Darcy Ribeiro.

A ideia de “fazer as pazes com o ser brasileiro e explorar isso a fundo” extrapolou a temática do CD e fez com que o artista revesse até a forma como se vestia —largou o “estilo europeu” e passou a se sentir confortáve­l usando cores.

Sonorament­e, afirma ter feito o possível para não “seguir tendência e moda”, tentando criar uma obra que não soasse datada e buscando ressaltar elementos orgânicos.

Nas 13 faixas, é aprofundad­a a ideia do cancioneir­o brasileiro envolto de pop, surgido no CD “Silva Canta Marisa” (2016), no qual entoa temas de Marisa Monte. Ele passeia por MPB, samba, bossa nova e elementos percussivo­s, sem deixar de lado os sintetizad­ores.

Delas, oito foram feitas em parceria com seu irmão Lucas Silva, uma com Ronaldo Bastos (“Ela Voa”), outra com Arnaldo Antunes (“Milhões de Vozes”) e uma última de Dé Santos (“Prova dos Nove”). Há ainda duas instrument­ais.

Anitta está no pop melódico “Fica Tudo Bem”. A ideia da participaç­ão é da gravadora. “Eles pediram para eu fazer uma lista. Ela estava no topo”.

Liricament­e, continua com a sua marca registrada falando de amor, mas, desta vez, introduz elementos da natureza.

O álbum termina com “Brasil, Brasil”: “Onde é que fica o Brasil? /Brasil, Brasil /Quem conhece o Brasil? /Ouvi dizer /Que é um lugar bem bom pra se morar /Quem mora lá /Não quer nem viajar”.

Brasileiro

Nas plataforma­s digitais desde sexta (25) e em lojas físicas a partir de segunda (4). Slap/Som Livre. R$ 24,90.

A colunista está em férias

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Wilmore Oliveira/ Divulgação O cantor e instrument­ista capixaba Silva, 29, buscou sonoridade que fugisse às tendências atuais em seu novo CD, lançado na sexta (25)
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