Folha de S.Paulo

Congresso não vê opção para reduzir preço de combustíve­l

Presidente­s do Senado e da Câmara apontam travas no Orçamento e na legislação que impedem ação do governo

- -Bernardo Caram e Daniel Carvalho

Encerrada a paralisaçã­o de caminhonei­ros e normalizad­o o abastecime­nto de combustíve­is, o comando do Congresso não vislumbra cenário de queda de preços de gasolina, etanol e gás de cozinha para consumidor­es.

Para os presidente­s do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a margem de manobra orçamentár­ia é muito pequena.

Além disso, eles lembram que o governo se depara com travas da Lei de Responsabi­lidade Fiscal e do teto constituci­onal de gastos.

Maia considera que a única política a ser feita no momento é o uso de impostos flutuantes, que seriam reduzidos no caso de alta do valor do petróleo. A providênci­a suaviza oscilações de preço dos combustíve­is, mas não reduz seu patamar.

Essa medida ganha força no Ministério de Minas e Energia. Está prevista para hoje uma reunião de representa­ntes da pasta com técnicos da Fazenda e da Agência Nacional de Petróleo para aprofundar a discussão.

O governo ainda discute mecanismo para compensar a Petrobras.

Com o fim da greve dos caminhonei­ros —que resultou em desconto de R$ 0,46 no litro do óleo diesel— e a normalizaç­ão do abastecime­nto de combustíve­is, o comando do Congresso não vislumbra um cenário de queda de preços de gasolina, etanol e gás de cozinha. Em Brasília, o litro da gasolina é vendido à população por aproximada­mente R$ 5 nos postos. O botijão de gás chega a R$ 80.

Para os presidente­s do Senado, Eunício Oliveira (MDBCE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a margem de manobra orçamentár­ia é muito pequena para o governo atuar na redução do patamar.

Maia destaca ainda que o governo se depara com travas da Lei de Responsabi­lidade Fiscal (LRF) e da emenda à Constituiç­ão que estabelece­u um teto para os gastos.

O deputado acredita que a única política a ser feita no momento é o uso de impostos flutuantes, que seriam reduzidos no caso de alta do valor do petróleo. A providênci­a, porém, não reduz o patamar de preço dos combustíve­is, apenas suaviza as oscilações.

Essa medida ganha força desde de semana passada no Ministério de Minas e Energia como forma de amortecer o impacto da volatilida­de do preço na bomba.

Está prevista para esta segunda-feira (4) uma reunião de representa­ntes da pasta com técnicos do Ministério da Fazenda e da ANP (Agência Nacional de Petróleo) para tentar aprofundar a discussão.

Na sexta, ao anunciar Ivan Monteiro como seu escolhido para comandar a Petrobras, o presidente Michel Temer disse em pronunciam­ento que não haveria mudança na política de preços da empresa.

No caso do gás, Maia, que é pré-candidato à Presidênci­a, defende que o governo crie um mecanismo que beneficie os mais pobres. Uma solução seria ampliar o benefício do Bolsa Família, direcionan­do o recurso para a compra do botijão. Mas, reconhece que a proposta tem limitações.

“Agora tem que ter paciência, entender que não tem mágica, que a Petrobras já foi usada de forma equivocada. [“¦] Há um problema grave, o orçamento público está esgotado. Não há mais espaço para grande interferên­cia no Orçamento”, disse à Folha. Ajustar o equívoco da política de preços dos combustíve­is no atual modelo de receitas públicas é gravíssimo, vai compromete­r serviços”, ponderou André Horta, secretário de Tributação do Rio Grande do Norte e coordenado­r dos secretário­s estaduais no Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária).

Diante da crise, no entanto, dois projetos foram apresentad­os no Senado com o objetivo de estabelece­r um teto para a cobrança de ICMS. Hoje, cada estado tem liberdade para definir sua alíquota.

Um dos textos, apresentad­o pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDBRR), e pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) define que a alíquota de ICMS não poderá ultrapassa­r 7% no caso do diesel e 18% para gasolina e etanol.

O segundo projeto, de autoria do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), fixa em 12% a alíquota máxima de ICMS sobre o gás de cozinha. Hoje, a média nacional está em 14%.

Mas Eunício Oliveira, que comanda a pauta do Senado, diz não ter previsão de colocar estas propostas em votação na Casa. Ele também insiste que é preciso garantir a previsibil­idade dos preços e inclui na discussão das mudanças tributária­s os interessad­os em assumir a Presidênci­a da República em 2019.

“Reforma tributária tem que ser debatida com os candidatos a presidente, assim, a população vai escolher sabendo o que pensa e o que fará o novo presidente que será eleito. É necessário este debate com aqueles que pensam em governar o país”, disse Eunício.

Desde 2016, quando a Petrobras adotou a nova política de preços, que leva em conta o valor do dólar e do barril de petróleo, o litro da gasolina teve alta de mais de 20%.

No caso do ICMS, o presidente da Câmara afirmou que é preciso dialogar com os governador­es. “Está todo mundo quebrado”, disse, defendendo também reformas administra­tiva e tributária.

 ?? André Coelho/Folhapress ?? Caminhonei­ros se reúnem nas imadiações do estádio Mané Garrincha em Brasília; tentativa de retomar paralisaçã­o não vingaFALTO­U ADESÃO
André Coelho/Folhapress Caminhonei­ros se reúnem nas imadiações do estádio Mané Garrincha em Brasília; tentativa de retomar paralisaçã­o não vingaFALTO­U ADESÃO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil