Folha de S.Paulo

Emílio Odebrecht diz que executivo declinou convite para sucessão

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Em resposta a reportagem publicada na última sexta-feira (1º), o presidente do Conselho de Administra­ção da Odebrecht, Emílio Odebrecht, disse, em cartaà Folha, que o executivo Newton de Souza fora cogitado para assumir seu posto, mas já tinha informado “dias atrás” que não poderia aceitar o convite.

“Apesar de cogitado para a presidênci­a do Conselho de Administra­ção da Odebrecht S.A., tendo eu, inclusive, explicitad­o a alguns companheir­os do grupo sobre o meu desejo de tê-lo como presidente do conselho, [Souza] comunicou- me dias atrás que não poderia aceitar o convite”, escreveu Emílio Odebrecht.

A reportagem da Folha afirma que Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo, havia conseguido derrubar o nome de Souza, que deveria assumir o conselho a partir de junho.

Emílio Odebrecht disse que Souza informou que, após 30 anos na empresa, “estava se afastando para permitir renovação mais ampla no CA [conselho administra­tivo] e entendimen­to entre os acionistas”.

Na sexta-feira, Emílio indicou Ruy Sampaio como seu sucessor. Sampaio é diretor da Kieppe, que controla a Odbinv, que detém 100% do capital da Odebrecht S/A.

Emílio Odebrecht afirmou ainda que “a participaç­ão de Newton de Souza [então vicepresid­ente da área Jurídica da Odebrecht S.A.] e a de outros executivos citados em notícias sobre o ‘Refis da Crise’, de 2009, se restringiu, exclusivam­ente, às discussões técnicas e legais mantidas pelo setor empresaria­l com o governo federal”.

Após deixar a prisão, no final de 2017, Marcelo Odebrecht reuniu uma série de emails que mostravam que Souza conhecia irregulari­dades praticadas pela empresa, mas não se tornara delator.

Uma delas seria o pagamento de propina para aprovar uma série de medidas provisória­s chamadas “Refis da Crise”, um projeto de refinancia­mento de dívidas que beneficiav­a grandes exportador­es.

“A Odebrecht faz desde 2016 colaboraçã­o ampla, eficaz e definitiva com a Justiça, e jamais escondeu irregulari­dades a respeito de Newton e de outros executivos citados, que não se tornaram delatores pelo simples fato de não terem cometido crime algum”, afirmou Emílio Odebrecht, no texto.

Segundo ele, “é notório, e só os de má-fé não reconhecem, que Newton exerceu papel decisivo” na presidênci­a da Odebrecht (2015-2017), “liderando, após o impacto da Lava Jato, o rompimento das práticas do passado, visando um futuro no qual todos os integrante­s da Odebrecht estão comprometi­dos em atuar com ética e dentro dos mais elevados padrões internacio­nais de conformida­de”.

“Newton só aceitou voltar à posição de executivo por espírito de abnegação pessoal e dedicação à Odebrecht”, disse.

Emílio Odebrecht afirmou ainda, na carta, que a Odebrecht fez, na gestão de Souza, “confissão pública de seus erros, pediu desculpas e assumiu o compromiss­o de combater e não tolerar a corrupção em qualquer de suas formas; assinou acordos de leniência com autoridade­s no Brasil, Estados Unidos e em vários países; deflagrou um programa ainda em curso de venda de R$ 12,5 bilhões de ativos; e realizou profunda reestrutur­ação da empresa, incluindo a implantaçã­o de um novo modelo de governança com mais conselheir­os independen­tes e de um sistema de conformida­de para prevenir, detectar e punir desvios ou crimes”.

A Folha mantém as informaçõe­spublicada­snareporta­gem.

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