Folha de S.Paulo

Neymar dribla, arranca e Brasil deixa boas notícias

- Paulo Vinícius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

A cena mais importante depois do gol de Neymar foi o abraço no médico Rodrigo Lasmar. Há jogadores do passado, como Branco, que sofreram muito para voltarem de lesões como a fratura do camisa 10 da seleção brasileira. A dificuldad­e de equilíbrio dificultav­a o arranque. Não parece ser o caso de Neymar, com a velocidade e a mudança de direção na jogada do gol.

Fica também a lembrança do que Tite explicou depois do jogo de Wembley, em novembro, contra a Inglaterra. O técnico da seleção prometia chamar Neymar e mostrarlhe uma jogada em que ficou no mano a mano com o lateral Walker. Em vez de driblar em direção ao gol, esperou a aproximaçã­o e ficou com três marcadores ao seu redor. Contra a Croácia, quando encarou o lateral Vrsaljko, foi para cima e decidiu.

Neste futebol que virou basquete, em que o espaço está reduzido, é preciso que o time crie condições de deixar seu driblador no um contra um. Nesse caso, cesta... Ou melhor, gol!

A boa notícia é que o Brasil enfrentou um adversário forte, diferente do que fez na preparação para a Copa de 2010, contra Zimbábue e Tanzânia. A Croácia não teve medo, encarou a seleção de frente, subiu seus homens de frente para marcar perto da grande área e criou oportunida­des com Rebic, Perisic, Krmaric. A má notícia é que no primeiro tempo o Brasil sofreu mais do que deveria.

Zlatko Dalic, treinador croata, fazia seu centroavan­te, Kramaric, marcar Thiago Silva, com Modric se aproximand­o de quem poderia receber o passe, Miranda. Pelas pontas, Rebic e Perisic bloqueavam a saída de Danilo e Marcelo. Por 20 minutos, a seleção tinha enorme dificuldad­e para passar do meio de campo. Não foi bom.

Para os croatas, este Mundial será o último com chance de a geração de Modric, Rakitic, Mandzukic e Perisic ultrapassa­r a fase de grupos. Depois da estreia em Copas, em 1998, com o terceiro lugar, a Croácia disputou outras três vezes sem chegar às oitavas de final. A motivação deles é enorme, na chave que terá Argentina, Islândia e Nigéria.

Depois do gol de Neymar, o jogo seguiu difícil, mas bem diferente da primeira etapa, até que Casemiro lançou Firmino e encobriu o goleiro Subasic, do Monaco. Os 2 a 0 do placar final não refletem exatamente como a partida foi difícil.

O mais poderoso chavão do momento é dizer que a Suíça, velho ferrolho, vai concentrar dez homens no campo de defesa, dar bico para o mato e arrancar um 0 a 0. Vladimir Petkovic, técnico do adversário brasileiro da estreia, confirmou em entrevista a este colunista, no dia do sorteio dos grupos da Copa, que gosta da ideia do empate. Mas ferrolho, não será.

A Suíça sabe tratar a bola, com jogadores talentosos como Shaqiri. Depois de ver a defesa brasileira com dificuldad­e na saída de bola, é possível que a marcação comece no campo de ataque.

Não será um jogo fácil.

As três últimas Copas já mostraram a elite do futebol muito estreita. A Suécia pode eliminar a Itália nas eliminatór­ias, mesmo sendo a última no grupo liderado pelos italianos um ano antes, na Eurocopa.

A Copa do Mundo da Rússia será assim. Quem não se cuidar, mesmo entre as potências, vai correr risco de eliminação na fase de grupos.

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