FOLHA POR FOLHA Transplante cardíaco, 50 anos: muito a aprender
Nos preparativos da reportagem sobre os 50 anos do primeiro transplante cardíaco do país, procuramos o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP, onde essa primeira cirurgia aconteceu, para acompanharmos uma operação. Ficamos ansiosos à espera do chamado.
A expectativa durou apenas três dias. Em 11 de maio, fui acordado com mensagem da assessoria do hospital para seguirmos o caso de Eunice Maria Alves, 57, que sofria de insuficiência cardíaca grave. Já ligada a dispositivo que ajudava seu coração a bombear o sangue, era paciente prioritária.
Enquanto o órgão era transportado de Joinville (SC) pela equipe do Incor, Eunice era preparada para a cirurgia.
Lalo de Almeida, fotógrafo, Victor Parolin, editor de vídeo, e este repórter corríamos pelos corredores do hospital para não perder nada: a notícia sendo recebida por Eunice, o órgão chegando de helicóptero, o momento em que o novo coração começou a bater no peito dela. Tudo registrado em foto, texto e vídeo.
Também tivemos a sorte de conhecer Euclydes Marques, 83, que comandou a operação junto com o cirurgião Euryclides Zerbini (1912-1993), e Noedir Stolf, 75, à época um jovem residente.
Marques me contou que combinou com Zerbini que tiraria o coração do doador enquanto batia, diferente da versão oficial de que o órgão teria parado antes da remoção —o conceito de morte cerebral ainda enfrentava resistência. Stolf rebate sua fala.
Meio século depois, aquele transplante ainda gera debate. LEIA O ESPECIAL EM folha.com/transplante50