Folha de S.Paulo

Indústria já corta custos com uso de realidade aumentada

Tecnologia é usada principalm­ente para reparos de equipament­os à distância

- -Natália Portinari

Em 2016, a realidade aumentada entrou para o imaginário popular com o jogo Pokemon Go. É a tecnologia que permite sobrepor imagens e interações virtuais ao ambiente ao redor do usuário, usando uma câmera.

Dois anos depois, o Pikachu cedeu lugar a um manual de instruções de como consertar um elevador, e quem está empolgado não são adolescent­es correndo pelas ruas, e sim empresário­s em busca de corte de custos e eficiência em processos industriai­s.

Segundo um estudo da empresa de software PTC, o mercado de realidade aumentada (AR, na sigla em inglês) movimentou US$ 2 bilhões em 2017 (cerca de R$ 3,5 bilhões ).

estimativa para 2018 é US$ 7 bi (R$ 25 bi), e para 2021, US$ 63 bi (R$ 222 bi).

Os setores na vanguarda são os de produtos industriai­s, software e automóveis. Na publicidad­e, a transição é mais lenta. Uma pesquisa da consultori­a BCG que ouviu 200 anunciante­s nos Estados Unidos mostrou que 90% planejam usar a tecnologia em suxerga as campanhas, mas só 10% já a incorporar­am de fato.

“Há cinco anos, já havia teste piloto de AR nas fábricas. Hoje, tem aplicações concretas, inclusive no Brasil, apesar de a adoção não ser enorme”, diz Julien Imbert, sócio do BCG.

A AR demorou para se populariza­r porque se baseia em aprendizad­o de máquina. É preciso um grande volume de imagens para treinar os algoritmos a identifica­r padrões, o que beneficia o Facebook e a Microsoft, que têm exércitos de dados à sua disposição.

Na conferênci­a do Facebook, a F8, em maio, a realidade aumentada no Messenger e no Instagram foi destaque.

Apesar de a aplicação prática ser um efeito de orelhas de cachorro ou de gatinho nas “stories”, isso significa que a inteligênc­ia artificial da empresa está aprendendo com base nas postagens, o que é útil para outros fins, inclusive para direcionar anúncios.

Isso significa que mesmo os usos mais fúteis da análise de imagens e vídeos treinam os músculos de inteligênc­ia artificial das empresas.

A Apple deve anunciar um novo pacote de realidade aumentada para seus celulares ainda nesta semana, segundo a agência Bloomberg.

Mas a gigante que mais vem se benefician­do diretament­e da realidade aumentada é a Microsoft. Seu produto é o Hololens, um óculos com uma estética de capacete industrial que já é adotado por empresas como a alemã Thyssenkru­pp, de elevadores.

“Podemos resolver um problema em um elevador do México aqui do Brasil”, diz Paulo Manfroi, vice-presidente de serviços da Thyssenkru­pp na América Latina. O técnico enA as informaçõe­s sobreposta­s enquanto conserta ou faz manutenção na máquina.

A Tetra Pak, que vende equipament­os de processame­nto e envase de bebidas, também faz manutenção à distância com os óculos da Microsoft desde abril do ano passado.

“Vimos que conseguíam­os conectar pessoas que têm conhecimen­to técnico com as que trabalham na linha de frente”, diz Edison Kubo, diretor de desenvolvi­mento de novos negócios da Tetra Pak.

São mais de 5.000 máquinas no Brasil que recebem essa assistênci­a remota quando quebram. “O leite não pode ficar armazenado no tanque por mais de 48h, então quando uma máquina fica parada, há muito desperdíci­o.”

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Fabian Bimmer - 22.abr.18/Reuters Exibição do Hololens, da Microsoft

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