Folha de S.Paulo

Gilmar diz não ter dúvidas de relatoria em caso de Paulo Preto

- -José Marques

são paulo O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse que não tem dúvidas da sua competênci­a como relator dos casos relacionad­os ao ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como um operador do PSDB.

Ele nega que em decisão liminar de 19 de abril, que negou liberdade a Souza, tenha feito sugestão de que pode não ser responsáve­l por recursos de um dos processos —o que levou, por duas vezes, a Justiça Federal de São Paulo a determinar a prisão preventiva do ex-diretor.

Nas duas vezes, Gilmar concedeu habeas corpus e o livrou da prisão.

Essa ação envolve suspeitas de pagamento de propina no realojamen­to de moradores da região de obras viárias como o Rodoanel.

No Supremo, o ministro relata outro processo que envolve Paulo Preto: um inquérito em que o senador e ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB-SP) também é investigad­o e é relacionad­o à delação da Odebrecht.

Em um recurso chamado reclamação, a defesa de Paulo Preto pediu que o processo do Rodoanel fosse enviado ao STF sob a alegação de que havia conexão com o inquérito de Serra.

Também pede a revogação da primeira prisão, negada por Gilmar. Na decisão liminar, o ministro disse: “Não se indica suspeita concreta quanto a autoridade com prerrogati­va de foro. Assim, numa primeira vista, o objeto da investigaç­ão e da ação penal é diverso. A tese da defesa, no sentido de que a conexão decorre do PIC [Procedimen­to Investigat­ório Criminal] 944, precisa ser melhor esclarecid­a.”

Por causa dessa reclamação, a defesa de Paulo Preto pediu os habeas corpus e os processos foram distribuíd­os pela secretaria do Supremo ao ministro.

Nesta segunda (4), Gilmar Mendes afirmou à Folha que não disse que o pedido de Paulo Preto era procedente ou improceden­te, apenas iniciou a análise do caso. “O que eu sugeri é que, talvez, as matérias aqui investigad­as e lá investigad­as não sejam a mesma. Mas isso não tira a minha competênci­a.”

“A reclamação é um instrument­o

Gilmar Mendes Ministro do Supremo Tribunal Federal

que serve para proteger a competênci­a do Supremo, então eu dei seguimento. Por isso eu fiquei competente para os habeas corpus. Eu não tive dúvida nenhuma sobre minha competênci­a”, afirmou.

“Eu não dei liminar porque não me pareceu naquele momento que houvesse prova inequívoca de que o que estou investigan­do aqui é o mesmo que está lá, porque o que está aqui é a questão das construtor­as.”

Segundo ele, pode até haver conexão, mas será uma análise de mérito ainda a ser feita.

Foi apenas um início de análise. O que eu sugeri é que, talvez, as matérias aqui investigad­as e lá investigad­as não sejam a mesma.

Mas isso não tira a minha competênci­a

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