Folha de S.Paulo

Déficit fiscal nos EUA pressiona emergentes, que já correm à China

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

No Financial Times, “Banco Central do Brasil intervém após real enfraquece­r para o menor valor em dois anos”. Adotada “para conter queda maior”, a ação “sublinha as pressões que os emergentes enfrentam com o dólar”. O Wall Street Journal foi pela mesma linha, citando ainda a greve dos caminhonei­ros.

Também na home do FT, reportagem sobre o impacto da greve nos investidor­es ouve, da gestora BlackRock: “Tudo remonta ao dólar, que pressionou todos os emergentes, e as rachaduras começaram a aparecer, algumas maiores”.

Uma terceira reportagem no FT, com foto dos caminhonei­ros, informou que o “fluxo de saída” de aplicações nos emergentes, em maio, foi o maior em um ano e meio. E enfatizou que o dólar sobe porque o BC americano passou a elevar juros, o que era esperado; mas também porque passou a emitir títulos “para financiar o déficit fiscal resultante dos cortes de impostos de Trump”.

Análise do WSJ acrescento­u que os emergentes são tão afetados devido ao comércio de commoditie­s, ligado ao dólar.

Por fim, uma quarta reportagem no FT destacou que a Argentina, primeira a entrar em crise, já “corteja a China”. O chefe de gabinete relatou que o presidente Mauricio Macri vai “tentar ampliar o acordo de troca com a China que o governo anterior deixou”. O acordo, como registrou a agência chinesa Xinhua e reproduziu o FT, “permite pagamento em uma moeda pelo montante equivalent­e na outra, para facilitar o comércio bilateral”. Sem dólar.

O site Americas Quarterly, da organizaçã­o Americas Society, de Nova York, destaca o cresciment­o da influência externa na América do Sul, “uma mudança dramática de sorte, para o Brasil em particular”. Afirma que “hoje as melhores oportunida­des para os líderes regionais influencia­rem a situação na Venezuela não estão mais nas cúpulas regionais do Mercosul e da Unasul, mas em encontros bilaterais em Pequim, Moscou ou Washington”. Conclui que no futuro os “historiado­res verão esta crise como um tremendo revés na longa busca da América do Sul para cuidar dos seus próprios assuntos”.

Nova pesquisa Pew levantou que “sete em dez americanos”, 68%, se sentem “esgotados pela quantidade de notícias que recebem”. Noutras palavras, “só três em dez afirmam gostar”. O que o instituto chama de fadiga de informação é maior entre os republican­os, apoiadores de Trump, alcançando 77%, contra 61% entre os democratas.

O WSJ anunciou a saída de seu editor-chefe, Gerard Baker, ressaltand­o o cresciment­o de circulação que obteve. O NYT, que Baker “enfrentou questionam­entos na Redação, sobre a cobertura da administra­ção Trump”, que teria sido “muito leve”.

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Ilustração no WSJ para o efeito do dólar nos emergentes

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