Enel vai investir R$ 900 milhões na Eletropaulo
Empresa italiana anuncia digitalização da rede de distribuição da principal companhia de energia elétrica de São Paulo
Os investimentos da Eletropaulo nos últimos anos foram insuficientes para manter a qualidade do serviço atualizada a novas tecnologias, disse Carlo Zorzoli, presidente da Enel no Brasil.
De acordo com o executivo, a companhia italiana, que adquiriu 73% das ações da Eletropaulo na segunda-feira (4), fará investimentos de US$ 900 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões) na companhia entre 2019 e 2021.
Os recursos serão em grande medida direcionados à digitalização da rede de distribuição da companhia paulista. Com isso, a empresa espera garantir maior possibilidade de gerenciamento e medição da rede remotamente.
Entre 2015 e 2017, a Eletropaulo investiu, em média, US$ 224 milhões por ano.
A empresa também prevê a participação em mercados emergentes, como a geração de energia distribuída (feita em pequena escala em casas, condomínios e empresas a partir de fontes renováveis) e infraestrutura para abastecimento de carros elétricos.
Segundo o executivo, investimentos do gênero feitos pela companhia no Rio de Janeiro levaram a uma redução de 31% nas interrupções de fornecimento de eletricidade no primeiro trimestre.
Sobre o preço pago pela Eletropaulo, de R$ 5,5 bilhões, o executivo disse ser um valor justo, considerando os ganhos obtidos pelo trabalho em conjunto das duas empresas, que permitirá uma expansão.
Para financiar os investimentos e a expansão de capital de R$ 1,5 bilhões que a Enel fará na Eletropaulo, a companhia terá um empréstimoponte, com garantia de prazo de nove a 18 meses. Os recursos serão captados em reais.
A transação entre Enel e Eletropaulo será liquidada nesta quinta-feira (7).
Segundo a companhia, a transação já foi aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e deve ser confirmada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) nos próximos dias.
De acordo com Zorzoli, a compra da Eletropaulo não deve ter impacto relevante sobre a tarifa de energia paga pelos consumidores, pois os preços são regulados.
Ele disse que 20% do preço da energia decorre do custo de distribuição. Outros fatores que influenciam no preço pago pelo consumidor são custo de geração e impostos.
A estimativa é da TR Soluções e leva em consideração dois aspectos: a adoção da bandeira vermelha patamar 2 e os reajustes anuais das concessionárias de energia nos diversos estados.
“Essa projeção vale para todos os tipos de consumidor: residenciais, comerciais e industriais”, disse Helder Sousa, diretor comercial da empresa.
De acordo com ele, a bandeira tarifária deve pesar bem, pois acrescenta R$ 5 nas contas de luz a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos. Em junho de 2017, foi adotada a bandeira verde, quando não há cobrança de taxa extra.
Em São Paulo, a estimativa ainda não considera o reajuste anual da tarifa de energia para as unidades atendidas pela Eletropaulo. O aumento só começará a ser aplicado em julho. O índice ainda não foi definido. No ano passado, o reajuste da Eletropaulo foi de 5,15%.
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