Folha de S.Paulo

Flip divulga a lista de autores convidados para próxima edição

Curadoria apresenta festa mais íntima e menos política; evento terá Colson Whitehead e Liudmila Petruchévs­kaia

- -Maurício Meireles

são paulo A Flip (Festa Literária Internacio­nal de Paraty) anunciou, na manhã desta terça-feira (5), a programaçã­o completa de sua edição deste ano, que acontece de 25 a 29 de julho.

Entre os nomes que ainda não haviam sido anunciados, destacam-se o americano Colson Whitehead, autor de “The Undergroun­d Railroad” (HarperColl­ins), e a russa Liudmila Petruchévs­kaia, autora de “Era uma Vez uma Mulher que Tentou Matar o Bebê da Vizinha” (Companhia das Letras).

A Flip receberá ainda o egípcio André Aciman, autor do best-seller “Me Chame Pelo Seu Nome” (Intrínseca), que debate com a franco-marroquina Leïla Slimani, ganhadora do Goncourt de 2016 com “Canção de Ninar” (Tusquets).

Quem olhar esses autores pode ter a impressão de que, como no ano passado, a curadora Joselia Aguiar deixou de apostar em grandes nomes do “star system” literário.

É verdade que grande nome, na Flip, costumava ser sinônimo de escritor de língua inglesa —e mais uma vez o idioma não está no centro de tudo—, mas esses são autores bem estabeleci­dos no mercado internacio­nal.

Whitehead, por exemplo, ganhou o Pulitzer em 2017, e Petruchévs­kaia é celebrada fora da Rússia —eles apenas são menos conhecidos no Brasil. O mesmo vale para Slimani e, em menor grau, Aciman.

Dessa forma, a curadoria também aposta em nomes inéditos ou desconheci­dos do grande público —caso do congolês Alain Mabanckou (“Memórias de Porco-Espinho”, ed. Malê) e da italiana de ascendênci­a somali Igiaba Scego (“Adua”, ed. Nós).

Os dois, como Aciman e Slimani, exemplific­am outra das linhas destacadas pela curadora, o multicultu­ralismo. Na nova programaçã­o, o público verá autores que nasceram em um lugar, cresceram ou vivem em outro.

Outra das marcas da curadoria de Aguiar, que já havia aparecido ano passado, permanece: o uso do autor homenagead­o como leitmotiv para a composição das mesas.

Por isso os debates terão como norte alguns dos temas centrais da obra ou da vida de Hilda Hilst, homenagead­a deste ano: o sagrado, o erótico, a finitude, a falta de leitores, o silêncio da crítica.

Assim, a edição deste ano é diferente da anterior. Enquanto Lima Barreto norteava o evento para questões políticas e sociais, Hilda traz uma festa voltada para a intimidade, como definiu a curadora.

Entre os autores nacionais, um dos destaques é a homenagem a Sérgio Sant’Anna, com o próprio autor, acompanhad­o do estreante Gustavo Pacheco, que acaba de lançar “Alguns Humanos”.

A abertura, com homenagem a Hilda, será com Fernanda Montenegro e Jocy de Oliveira. Entre os outros convidados, estão Laura Erber, Júlia de Carvalho Hansen, Geovani Martins e Zeca Baleiro.

O orçamento da festa deve ficar em torno de R$ 5 milhões —o menor desde 2006, quando o evento passou a divulgar seus custos. Nos últimos anos, a verba da Flip vem encolhendo cerca de R$ 1 milhão a cada edição.

O auditório principal ficará ao lado da Igreja da Matriz, com 500 lugares, contra 400 do ano passado dentro do templo.

Desta vez, contudo, há um salto inédito na programaçã­o paralela —serão 20 casas de parceiros da Flip, contra oito da edição passada.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil