Banco Central atende à demanda por ‘seguro cambial’ em ano de eleições
Instituição eleva oferta de swap e ajuda investidores a se prevenir com contratos futuros em dólar
O Banco Central informou nesta quinta-feira (7) que não tem preconceito em usar quaisquer instrumentos para conter a volatilidade cambial, sejam eles swaps, sejam leilões de linha, seja o uso das reservas.
Desde abril, quando a moeda americana começou a se valorizar em relação ao real, o Banco Central tem optado por usar apenas um deles, o swap cambial, contrato que equivale à venda de dólares no mercado futuro.
O BC está intervindo nesse segmento porque foi lá que começou a vir a pressão ao câmbio.
A demanda por dólares no mercado futuro ocorre porque nunca foi tão barato para os investidores e empresas proteger suas aplicações e dívidas em dólares por meio das operações de hedge (seguro cambial).
Se a dívida ou o investimento em moeda americana tiver vencimento dentro de seis meses ou um ano, como exemplo, o investidor ou empresário busca um contrato no mercado futuro e fixa o valor do dólar ao fim desse prazo.
O custo para fazer esse “seguro” contra a oscilação cambial é, de uma forma simplificada, o diferencial de juros entre duas moedas, por exemplo, real e dólar.
Como a Selic vem caindo há um ano e está num patamar baixo histórico, de 6,5%, e os juros americanos também estão em níveis baixos, apesar da tendência de alta, houve um estreitamento da diferença entre essas duas taxas.
Há um ano, com os juros aqui e lá fora em outros patamares, a diferença entre o preço do dólar à vista e futuro estava ao redor dos 10%; atualmente, está próximo dos 3%.
Além de estar muito mais barata, essa operação fica particularmente interessante aqui pelo fato de o Brasil estar num ano eleitoral, em que tradicionalmente há volatilidade no câmbio.
Apesar da alta do dólar, portanto, o mercado não identificava, pelo menos até o mês passado, uma fuga de recursos do país, já que a demanda maior estava concentrada nas operações de hedge.
Os dados do fluxo cambial de junho só deverão ser divulgados pelo BC a partir da próxima semana.
Ilan Goldfajn, presidente do BC, disse que a instituição tem munição para atender à demanda dos investidores por dólar.
O estoque atual de swaps, de US$ 34,4 bilhões, está no menor nível em dois anos e ele disse que poderá usar esse instrumento em volumes superiores ao usado no passado.
Se identificar falta de liquidez, ou seja, pressão intensa para retirada de recursos do país, ele também poderá atuar no segmento à vista, com reservas ou leilões de linha.
O Brasil tem US$ 382 bilhões em reservas, o que coloca o país em situação muito mais confortável para conter até mesmo um eventual ataque especulativo.
A Argentina passou por isso no mês passado, mas com cerca de US$ 50 bilhões em reservas, e acabou tendo buscar o socorro.
Os emergentes sofrem com a valorização do dólar globalmente com a perspectiva de elevação os juros americanos —investidores deixam aplicações em países emergentes e migram para os Estados Unidos.
Saber se as reservas do Brasil dariam conta de um ataque especulativo, de fato, é praticamente impossível.