Folha de S.Paulo

Gestão omite nome de quem teria indicado mãe de amigo de Bruno Covas

- -Guilherme Seto

são paulo A Prefeitura de São Paulo se nega a informar o nome de uma suposta ex-funcionári­a do município que, segundo a versão oficial, teria indicado a mãe de um amigo do prefeito Bruno Covas (PSDB) a ocupar um cargo com salário de R$ 10 mil na gestão.

Reportagem publicada pela Folha nesta quinta (7) revelou que, antes de assumir o comando da cidade, o então vice-prefeito Bruno Covas (PSDB), 38, contratou a mãe de seu braço direito na administra­ção, que também é um de seus melhores amigos, para trabalhar em uma empresa controlada pelo município.

Professora aposentada desde 2012, Elisabete Gonçalves Garcia Pires, 60, foi nomeada para a SPTrans, responsáve­l pelo gerenciame­nto do transporte coletivo por ônibus. Elisabete, que recebe R$ 10.314,88 pela aposentado­ria na rede pública, mais do que dobrou sua remuneraçã­o com o novo cargo e passou a ganhar ao mês um valor bruto de R$ 20.918,88.

Na SPTrans, ela é responsáve­l pela supervisão e treinament­o de estagiário­s que fazem o atendiment­o da população. Elisabete é mãe de Gustavo Garcia Pires, braço direito e um dos melhores amigos do prefeito.

Nesta quinta, Covas disse que não teve nenhuma relação com a nomeação, ainda que ela tenha sido autorizada diretament­e por ele.

“Do ponto de vista legal, não há nenhum problema envolvido. Ela tem a capacitaçã­o necessária para ocupar o cargo que ocupa e tem a confiança. São os dois requisitos para ocupar cargo em comissão”, afirmou.

A gestão Covas ainda afirmou que Elisabete assumiu o cargo por indicação da antecessor­a dela na função. A Folha solicitou o nome da antecessor­a —a prefeitura recusou-se a fornecer.

A admissão de Elisabete ocorreu em 12 de março, período em que Covas acumulava a vice-prefeitura e a Secretaria da Casa Civil, órgão responsáve­l pela análise das contrataçõ­es.

Em 6 de abril, Covas assumiu a prefeitura e, dias depois, promoveu Gustavo, 26, filho de Elisabete, a secretário-executivo do gabinete do prefeito, cargo que não existia sob João Doria. Até então, Gustavo era responsáve­l pela organizaçã­o da agenda de Covas.

A Constituiç­ão veda o chamado nepotismo, quando um agente público usa de sua posição de poder para nomear, contratar ou favorecer um parente.

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