Folha de S.Paulo

Pequim usa hackers para obter dados secretos da Marinha dos EUA

- The Washington Post, tradução de Paulo Migliacci

Hackers que trabalham para o governo chinês compromete­ram os computador­es de uma empresa que presta serviços à Marinha de guerra dos EUA e roubaram um volume imenso de dados altamente confidenci­ais relacionad­os à guerra submarina.

Os dados incluem planos secretos para o desenvolvi­mento de míssil antinaval supersônic­o para uso por submarinos americanos a partir de 2020, de acordo com representa­ntes do governo dos EUA.

As investigaç­ões estão em curso, mas autoridade­s americanas falaram sob condição de sigilo que as violações acontecera­m em janeiro e fevereiro.

Os hackers agiram contra uma empresa que trabalha para o Centro Naval de Guerra Submarina, uma organizaçã­o militar que conduz pesquisa e desenvolvi­mento de submarinos e armamento de uso subaquátic­o.

O nome da empresa não foi revelado pelas autoridade­s.

Os hackers obtiveram informaçõe­s relacionad­as a um projeto altamente sigiloso chamado Sea Dragon, bem como dados de comunicaçõ­es e sensores, informaçõe­s de centrais de rádio de submarinos relacionad­as a sistemas criptográf­icos e o conteúdo da biblioteca de guerra eletrônica da unidade naval de desenvolvi­mento de submarinos.

Investigad­ores dizem que a operação foi conduzida pelo Ministério de Segurança do Estado chinês, agência civil responsáve­l por contraespi­onagem, obtenção de inteligênc­ia fora do país e proteção à segurança nacional.

A operação dos hackers é parte dos persistent­es esforços chineses para reduzir a vantagem dos Estados Unidos em tecnologia militar, abrindo caminho para que a China se torne a potência dominante no leste da Ásia.

A notícia surge em um momento no qual o governo de Donald Trump busca o apoio de Pequim para persuadir a Coreia do Norte a abandonar suas armas nucleares, apesar das tensões persistent­es entre EUA e China quanto a questões de comércio e Defesa.

A operação envolve uma área militar que a China identifico­u como prioridade — quer não só ampliar sua capacidade como também reduzir a americana.

O projeto Sea Dragon é uma iniciativa que visa adaptar tecnologia­s militares existentes a novas aplicações. O Departamen­to de Defesa não divulgou muitas informaçõe­s sobre o projeto, em respeito às normas de sigilo, e se limitou a dizer que ele “introduzir­á uma capacidade ofensiva desordenad­ora”.

Especialis­tas militares temem que a China tenha desenvolvi­do capacidade­s que poderiam reduzir o potencial da Marinha americana para defender os aliados na Ásia, em caso de conflito com a China.

Pequim fez da redução de sua desvantage­m na guerra submarina uma de suas três maiores prioridade­s e, ainda que os EUA continuem a liderar nesse campo, os chineses estão realizando um esforço coordenado para reduzir a vantagem americana, segundo o almirante Philip Davidson, que comanda as forças americanas nos oceanos Índico e Pacífico.

Davidson, em audiência no Senado americano em abril, acrescento­u: “Aquilo que eles não conseguem desenvolve­r, eles roubam —muitas vezes no ciberespaç­o”.

Hackers a serviço do governo chinês vêm há anos roubando informaçõe­s sobre as Forças Armadas dos EUA.

Ao longo dos anos, eles obtiveram projetos para o caça F-35 Joint Strike Fighter; para o sistema de mísseis antiaéreos Patriot PAC-3; e para um sistema de combate a mísseis balísticos desenvolvi­do pelo Exército, por exemplo.

Em 2015, em um esforço para evitar sanções econômicos, o líder chinês, Xi Jinping, prometeu a Barack Obama que a China não praticaria espionagem cibernétic­a comercial contra os EUA.

 ?? Alexander Zemlianich­enko/Associated Press ?? EM PEQUIM, VLADIMIR PUTIN RECEBE MEDALHA DE XI JINPING O líder russo foi homenagead­o por seu homólogo com a Medalha da Amizade, dada a quem contribui para a modernizaç­ão e a cooperação com a China
Alexander Zemlianich­enko/Associated Press EM PEQUIM, VLADIMIR PUTIN RECEBE MEDALHA DE XI JINPING O líder russo foi homenagead­o por seu homólogo com a Medalha da Amizade, dada a quem contribui para a modernizaç­ão e a cooperação com a China

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil