Pela primeira vez, maioria não tem interesse na Copa
Segundo Datafolha, 53% são indiferentes ao Mundial, maior índice da série, iniciada em 94
Às vésperas do início da Copa do Mundo da Rússia, o desinteresse dos brasileiros com a competição aumentou, aponta o Datafolha.
Segundo pesquisa nacional feita semana passada, 53% dizem ser indiferentes à Copa, que começa na quinta. O Brasil estreia no domingo.
A marca atual é a pior às vésperas de um Mundial desde o início da série histórica, em 1994. No final de janeiro, o desinteresse era de 42%.
A falta de animação é maior entre mulheres (61%), pessoas de 35 a 44 anos (57%) e os com renda familiar de até dois salários mínimos (54%).
Nem a ótima fase da seleção do técnico Tite, que sofreu uma única derrota em 21 partidas e é apontada como uma das favoritas ao título, empolga os brasileiros.
De acordo com o levantamento, apenas 18% dos entrevistados dizem ter grande interesse pela competição.
Paulistanos ouvidos pela Folha dizem que a indiferença se deve à crise no país, a casos de corrupção na CBF e à derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014.
O Datafolha entrevistou 2.824 pessoas em 174 cidades. A margem de erro é de dois pontos.
são paulo O desinteresse dos brasileiros com a Copa disparou às vésperas do início da disputa na Rússia, marcado para quinta-feira (14). O primeiro jogo do Brasil será no domingo (17), contra a Suíça, às 15h (horário de Brasília).
Segundo pesquisa nacional do Datafolha realizada na semana passada, 53% dos brasileiros afirmam não ter nenhum interesse pelo Mundial, isso em um ano eleitoral, com a economia fraca e ainda na ressaca de uma manifestação de caminhoneiros que quase paralisou o país. No final de janeiro, o índice de desinteressados era de 42%.
A Folha percorreu as ruas de São Paulo em busca de possíveis explicações. “Tem crise, pessoal passando necessidades, corrupção na CBF, isso desanima. Vou assistir, mas não com aquela vontade. Acompanho bastante futebol, mas a Copa já foi bem mais motivante”, disse o assistente de departamento pessoal Guilherme Guerreiro, 55.
“Não sou ligada em futebol. Na Copa do Mundo, até assisto, mas nessa não estou com vontade. Talvez por causa do 7 a 1 ou porque o Brasil vai bem nesses amistosos e nos jogos importantes não”, afirma Nayara Borges, 29, assistente administrativa.
Segundo o Datafolha, a marca de agora é a pior às vésperas do torneio desde 1994, quando o instituto fez a pergunta pela primeira vez. O desinteresse pelo Mundial da Rússia se destaca entre as mulheres (61%), pessoas de 35 a 44 anos (57%), moradores da região Sul (59%) e aqueles com renda familiar de até dois salários mínimos (54%).
O Datafolha ouviu 2.824 pessoas em 174 municípios na quinta (7) e na sexta-feira (8), e a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Nem a boa fase da seleção de Tite, líder das eliminatórias sul-americanas, com a melhor sequência pré-Mundial desde 1970 e apontada como uma das favoritas ao título, pa- rece empolgar os brasileiros.
Segundo o levantamento, apenas 18% dos entrevistados dizem ter grande interesse pela competição, a mesma fatia dos que afirmam ter médio interesse. Já os que se declaram com pouco interesse com o Mundial chegam a 9%.
A pior marca antes de um Mundial havia sido em 2014, quando 36% disseram não ter nenhum interesse pelo torneio que começaria no Brasil. O cenário, à época, era de gastos bilionários com estádios, muitos deles que depois se transformariam em elefantes brancos, e promessas em série não cumpridas de obras de mobilidade nos estados.
Em 1994, quando a seleção do então técnico Carlos Alberto Parreira chegava aos EUA pressionada por um jejum de 24 anos sem título em Copas, apenas 20% dos brasileiros declaravam não ter interesse pelo torneio.
“Estou mais ou menos ansiosa para a Copa. No meu bairro, não pintam mais a rua como antes”, afirma a recepcionista Tânia Ferreira, 29.