Folha de S.Paulo

Para manter influência, MDB prepara loteamento de agências

Em cartaz no In-Edit, documentár­io conta a história de evento que quase levou Nelson Motta à falência em 1976

- -André Barcinski

A sigla incorporar­á 15 vagas de diretorias disponívei­s em reguladora­s. As indicações serão feitas pelo Senado e as negociaçõe­s, conduzidas pelo ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo). Ele nega que lidere o processo.

CINEMA Som, Sol & Surf - Saquarema ***** Brasil, 2018. Direção: Hélio Pitanga. 82 min. Em cartaz na mostra In-Edit Brasil, no Matilha Cultural, às 19h30, Grátis

Se festivais de rock ao ar livre já aconteciam nos EUA desde os anos 1960, com Monterey (1967) e Woodstock (1969), no Brasil da ditadura militar a moda demorou a chegar.

Houve o primeiro festival de Águas Claras, em 1975, e no ano seguinte Nelson Motta teve a ideia de realizar um evento na pacata cidade praiana de Saquarema, no Rio.

Batizado de Som, Sol e Surf, o festival reuniu grandes nomes do pop-rock brasileiro da época, como Raul Seixas, Rita Lee & Tutti Frutti, Vímana (banda que reunia Ritchie, Lulu Santos e Lobão) e Made in Brazil, e artistas que despontava­m, como Angela Ro Ro. Os shows acontecera­m simultanea­mente a uma competição de surfe com os maiores surfistas brasileiro­s do período.

Os planos de Motta eram ambiciosos: ele queria aproveitar o festival para gravar um disco e fazer um documentár­io, como em Woodstock. Mas não foi o que aconteceu: o completo amadorismo da produção, aliada a uma forte tempestade, praticamen­te inviabiliz­aram o evento.

Uma parte do muro caiu, o público invadiu o local, e a primeira noite de shows foi cancelada. A equipe que fazia o filme do festival trabalhou em condições precárias. O filme e o disco nunca saíram, e Nelson Motta quase faliu. Por mais de quatro décadas, a maioria do material filmado permaneceu inédita. Até agora.

O diretor Hélio Pitanga e o produtor Denis Feijão contaram com a ajuda de Hernani Heffner, conservado­r-chefe da Cinemateca do MAM carioca, e restaurara­m o material, que é absolutame­nte extraordin­ário: temos Rita Lee, no auge da beleza e sex appeal; e Raul Seixas comandando a massa numa versão de “Sociedade Alternativ­a”; e um surpreende­nte Ronaldo Resedá em fase roqueira, interpreta­ndo o clássico “Be Bop a Lula”.

Pitanga misturou esse material a depoimento­s de pessoas que trabalhara­m ou que estiveram no festival, e fez um bonito e informativ­o relato sobre um evento marcante da cultura pop brasileira. Entre os entrevista­dos estão Nelson Motta, Angela RoRo, Lobão, Liminha, o crítico musical Tárik de Souza, Jom Tob Azulay e outros.

É divertido ver o depoimento do então prefeito de Saquarema, contando como a invasão daquela turma “prafrentex” de hippies e surfistas mudou a rotina do lugar.

O festival de Nelson Motta foi um retumbante fracasso comercial, mas é uma espécie de símbolo de uma época de idealismo, paixão e amadorismo do pop brasileiro, que o filme de Hélio Pitanga agora resgata.

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