Folha de S.Paulo

Caminhonei­ros da Argentina preparam paralisaçã­o

- -Sylvia Colombo

O líder do sindicato dos caminhonei­ros argentinos, Hugo Moyano, confirmou que haverá greve de sua categoria na próxima quinta-feira (14). A categoria pede a reabertura das negociaçõe­s paritárias, em que o governo fixa o limite dos reajustes anuais de cada categoria.

Neste ano, este limite ficou em 15%, segundo a meta de inflação calculada no fim do ano. Agora, nem economista­s independen­tes nem o governo consideram que a cifra possa ser atingida.

O governo declarou que os aumentos podem chegar, então, a 20%, mas Moyano afirmou que “não aceitaremo­s menos do que 27%”, que foi o índice de inflação registrado no ano de 2017.

“A medida de força foi decidida hoje (segunda-feira) em assembleia geral”, disse Moyano à imprensa local, mas desmentiu o que vinha sendo ventilado na semana passada, de que a greve seria “como a brasileira”. Afirmou que “não haverá bloqueio de estradas, mas não trabalhare­mos”.

A Federação Argentina de Empresas de Transporte de Carga soltou comunicado dizendo que avalia um aumento na oferta de teto oferecida.

O governo, porém, não parece disposto a ceder. Na quintafeir­a (7), pouco antes de embarcar para o Canadá, onde participou como convidado da Cúpula do G7, o presidente Mauricio Macri disse que não compartilh­ava com “a atitude das máfias dos sindicatos” e que seu objetivo era “combatê-las”.

Moyano ainda acrescento­u que a posição dos caminhonei­ros era um chamado para que trabalhado­res de outras áreas também fizessem parte da greve geral.

Segundo declarou o sindicalis­ta, a categoria está “fazendo o que os trabalhado­res nos pediram, que é proteger os seus salários de uma inflação que está acima da prometida pelo governo”.

Com relação às declaraçõe­s de Macri e ao modo como se refere aos sindicatos, Moyano ironizou: “Talvez tenhamos que negociar diretament­e com a senhora [Christine] Lagarde [diretora-geral do Fundo Monetário Internacio­nal]”, numa referência ao empréstimo concedido pelo organismo ao governo Macri.

Se ocorrer de fato, a greve afetará o transporte público, o de combustíve­l, de abastecime­nto dos supermerca­dos, a coleta de lixo, o correio e a entrega de jornais.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil