Espanha resgata 933 imigrantes no mar e agora espera navio rejeitado pela Itália
madri A guarda costeira da Espanha resgatou 933 imigrantes e quatro corpos no mar Mediterrâneo nesta sexta (15) e neste sábado (16). Eles estavam em 68 barcos migrantes que tentavam chegar à costa europeia.
Por uma rede social, a corporação informou ter salvado 507 pessoas de 59 pequenos botes no estreito de Gibraltar, onde encontrou também os quatro corpos. Os demais resgatados estavam no mar de Alborão, entre o Marrocos e a Espanha.
A operação ocorre no momento em que a Espanha se prepara para receber outros 630 migrantes do navio Aquarius, das ONGs SOS Méditerranée e Médicos Sem Fronteiras, que foi proibido pela Itália e por Malta de atracar em seus portos.
O Aquarius e outras embarcações com migrantes devem chegar a Valencia, no leste da Espanha, neste domingo (17). O grupo foi resgatado em 9 de junho pelo Aquarius na costa da Líbia e será recebido na Espanha por equipes de emergência que incluem médicos, psicólogos, voluntários da Cruz Vermelha e tradutores.
A recusa da Itália, em 10 de junho, em receber o Aquarius abriu na União Europeia uma crise política sobre a questão migratória e desencadeou protestos pelo continente, que foram mantidos mesmo após o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez dizer que abrigaria os imigrantes.
O recém-empossado socialista tem adotado medidas favoráveis à imigração em suas primeiras semanas no cargo e ganhou o apoio do presidente da França no sábado.
Segundo Emmanuel Macron, seriam aceitos em seu país os imigrantes que chegassem à Espanha e que desejassem ser enviados para lá.
Sánchez agradeceu a ajuda e disse que “este é o quadro de cooperação que a Europa deve usar para responder” à imigração no continente.
Após o governo da Itália ser chamado de fascista por uma das organizações que ajudam os imigrantes, a Mission Lifeline, o ministro do Interior daquele país, Matteo Salvini, reagiu e disse que será mantida a proibição de que navios humanitários aportem na costa italiana.
Ele afirmou que “insultos e ameaças não vão nos impedir” e que as ONGs humanitárias que operam embarcações de resgate de migrantes no Mediterrâneo estão sendo exploradas por traficantes.
Salvini falou um dia depois dos líderes de Itália e França se encontrarem para apaziguar os ânimos após Macron classificar a recusa de Roma em aceitar o Aquarius de “cínica e irresponsável”.
A União Europeia vai se reunir no fim de junho para discutir as regras de asilo do bloco. Só nos primeiros cinco meses de 2018, ao menos 792 migrantes morreram cruzando o Mediterrâneo, segundo a ONU. No mesmo intervalo, 35.455 pessoas chegaram à costa europeia.