Folha de S.Paulo

Caça a Pokémon raro atrai de crianças a idosos no parque Ibirapuera

- Roberto de Oliveira

são paulo Neste sábado (16) gelado, 13ºC, de céu chumbo, garoa chata e incessante, o clima estava propício, sobretudo, a eles: lutadores, fadas e venenosos. Era dia de caça. Caça ao Pokémon!

Se você dava um rolê em Marte nos últimos anos, aqui vai uma breve explicação: no aplicativo de celular Pokémon Go, febre ao ser lançado no Brasil em 2016, o objetivo dos jogadores é capturar criaturas ou bichos virtuais, os Pokémons, que estão espalhadas pelo mundo real.

Desde o início deste ano, um dia do mês é escolhido pela comunidade de jogadores para celebrar um personagem. O agraciado pela escolha da vez foi o Pokémon Larvitar (leia mais ao lado).

Munido de celulares (sim, no plural), carregador­es de bateria e instinto de caçador, um grupo coberto até o pescoço — só mãos e olhos livres— ziguezague­ava pelo parque Ibirapuera, em São Paulo, para capturar, preferenci­almente, sua versão mais rara, a “shiny”. A chance de ela dar as caras por aqui é de 1 entre 400.

Desesperad­a, a vendedora Eliene Luna, 44, levava consigo três celulares. Em vão. Nenhum deles tinha acesso à internet. “Meu Deus, vou ter um infarto”, disse, com os olhos em lágrimas. Bastaram 15 passos para restabelec­er o contato e, é claro, o sorriso. “Voltou o 4G”, festejou. “Agora, chega de conversa fiada. Vou à caça.”

O palco escolhido para a batalha foi os arredores da Oca. Larvitar, acreditem, ganhou até uma escultura de pedra.

Omar Tellez, vice-presidente da empresa norte-americana Niantic, que desenvolve­u o jogo Pokémon Go, não revela números. Diz, porém, que o Brasil é o segundo mercado que mais baixou o app.

“O jogo convoca as pessoas para caminhar, dialogar, interagir.” Pelos seus cálculos, 2.000 pessoas passaram pelo encontro no parque. “Aqui, o perfil dos jogadores é eclético.”

A julgar pela homenagem ao monstrinho, era mesmo. A aposentada Lúcia Moretti, 60, capturava Pokémons ao lado do neto José Eduardo, 7. “Viemos de Suzano. Ele gosta tanto que acabou me deixando viciada”, jurava a avó.

Nem tudo era só diversão. De Curitiba, o youtuber Fábio Daher, 31, mostrava alimentos arrecadado­s entre os participan­tes. Ao menos 300 kg, segundo ele, que serão distribuíd­os a comunidade­s carentes.

Fantasiado de Pokémon, Marcos Vinícios da Silva Souza, 19, comemorava a façanha de ter capturado um “shiny”. “Coisa rara”, empolgava-se ele, protegido do frio dentro de seu macacão amarelo-vivo.

 ?? Bruno Santos/Folhapress ?? Paulistana enfrenta frio para capturar o Pokémon Larvitar, de preferênci­a, sua versão rara, a ‘shiny’
Bruno Santos/Folhapress Paulistana enfrenta frio para capturar o Pokémon Larvitar, de preferênci­a, sua versão rara, a ‘shiny’

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