Folha de S.Paulo

Escritor nato, eternizou a história e a cultura caiçara

ÁLVARO DÓRIA ORSELLI (1932-2018)

- coluna.obituario@grupofolha.com.br -Ricardo Hiar

são paulo Quem pesquisar a história de São Sebastião, no litoral de SP, certamente vai se deparar com menções a Álvaro Dória Orselli, o Alvinho.

Ele, que por muito tempo se dedicou a resgatar e promover a cultura caiçara, tornou-se parte integrante dessa história. Segundo familiares, o sebastiane­nse, bem-humorado, dizia que seu lema em vida era preservar a história para perpetuar a cultura local.

Por 25 anos se dedicou ao trabalho nos Correios como agente postal. Foi lá que Alvinho se aposentou, mas sua paixão sempre esteve na fotografia e no jornalismo.

Questionad­or por natureza, Álvaro não deixou de ser um ouvinte atento para construir seus textos.

Dizer que ele foi um escritor nato não é exagero. Exemplo disso é que estudou apenas até a quarta série, mas deixou a publicação de dois livros sobre causos caiçaras, centenas de artigos e crônicas, dos quais vários foram veiculados na mídia. Também chegou a ser correspond­ente da Folha na década de 1960.

Em sua homenagem, o arquivo público da cidade leva o nome de Álvaro desde 2012. O local já recebeu muitos de seus registros, que hoje estão disponívei­s para consulta.

Nessa trajetória ele ainda teve passagem pela política e foi vice-prefeito, na época em que o eleitor também votava em quem ocuparia esse posto.

Com atuação na cultura e turismo da cidade, deu origem ao Carnaval de rua e ao concurso de poesia Nhô Bento, que se tornaram tradição em São Sebastião.

Morreu no último dia 13, por complicaçõ­es de uma pneumonia. Deixa a mulher, Mariza, com quem foi casado por 55 anos, os filhos, Álvaro, Estela, Sara, Lauro e Carolina, e dois netos.

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