SÃO PAULO: O BERÇÁRIO DE PORTUGUESES NO MUNDO
Depois de seis anos e meio na capital, cônsul se despede após ter assistido, em suas palavras, à ‘revolução da lusobrasilidade’
O casamento é antigo, mas só há pouco um namoro começou a engatar, com a ajuda de um cupido português de 46 anos, nascido em Angola e pai de uma menina brasileira.
Brasil e Portugal são os noivos desse romance, “um casamento de 500 anos, mas baseado em estereótipos e referências históricas”, na visão do cônsul-geral de Portugal em São Paulo e Mato Grosso do Sul, Paulo Lourenço.
Há seis anos e meio na capital paulista, ele assumiu como uma de suas principais missões “reativar a portugalidade natural de São Paulo, que estava dormente”.
Nesse meio tempo, Lourenço conta ter visto uma “revolução da lusobrasilidade”. O número de brasileiros com cidadania portuguesa cresceu tão rapidamente que, além de cupido, ele assumiu o papel de parteiro.
“Este consulado tem sido o grande berçário de portugueses no mundo.” Foi o posto que mais atribui cidadanias portuguesas no mundo, cerca de 50 mil desde 2016.
Ele também se orgulha de ter fomentado o intercâmbio entre a Bienal de São Paulo e o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, e de ter lançado no estado o consulado itinerante, que visita 11 cidades do interior paulista, além de Campo Grande.
Na avaliação de Lourenço, nesse período, a relação entre Brasil e Portugal se tornou “mais diversa, mais madura, com um conhecimento recíproco mais antenado.”
Em parte, esse novo relacionamento se expressa na série de eventos Experimenta Portugal, lançada por Lourenço há quatro anos.
O festival, que começou como uma mostra de três dias, neste ano se estende por três meses, de maio a julho. “Já não pertence mais ao consulado nem a Portugal. É uma programação da cidade, baseado num diálogo entre artistas de lá e daqui”, diz. ▸