Nova profissão de fazendeiro urbano já desponta no Brasil
Atividades ligadas a ambiente e envelhecimento estão entre os destaques
são paulo Influenciador digital, motorista de Uber, desenvolvedor de aplicativos para celular, operador de drone, gerente de mídias sociais: profissões que hoje são conhecidas não existiam anos atrás. E o mesmo vai acontecer no futuro. Estudo da consultoria PwC no Reino Unido prevê que, em 2030, 5% ou mais empregos serão em áreas que ainda não foram criadas. Segundo a mesma fonte, 10% de todos os empregos de Londres em 2013 eram funções que não existiam em 1990. Carreiras relacionadas à robótica e à inteligência artificial, ao cuidado com idosos e ao meio ambiente estão entre as previsões de novas funções que vão ser demandadas. Uma delas já começa a despontar no Brasil: o fazendeiro urbano, profissional que cultiva alimentos em prédios nas grandes cidades. Em Belo Horizonte, dois sócios produzem hortaliças orgânicas como alface, rúcula, espinafre e alecrim em estufas no segundo andar de um shopping. O processo, feito com base em aquacultura (cultivo na água junto com peixes), exige tecnologia. Softwares criados pela empresa monitoram parâmetros como temperatura e pH da água. Eles afirmam que a produtividade é 28 vezes maior do que em fazendas convencionais. Uma das vantagens é dispensar o transporte de longa distância.
Continuação da p.2 “A cadeia de perecíveis depende muito do diesel. E quase 70% dos alimentos são desperdiçados ao longo do trajeto. Eles não chegam frescos até nós”, diz Giuliano Bittencourt, um dos fundadores da Be Green, que está levando a fazenda urbana para Rio e São Paulo. Outro casal de fazendeiros urbanos se prepara para inaugurar, ainda em 2018, uma unidade da suíça Urban Farmers no terraço de um prédio da capital paulista. “Vamos plantar tomate, pepino, morango albino. A ideia é praticar agricultura de larga escala em espaços pequenos”, afirma uma das fundadoras, Talita Campoi, 31. Outras profissões que devem ter forte crescimento são as ligadas ao envelhecimento da população. Funções que já existem, como cuidadores e fisioterapeutas, vão se fortalecer, e novas áreas surgirão. “A população brasileira que mais cresce é a de idade superior a 60 anos. Haverá uma demanda enorme por acompanhantes, psicólogos, nutricionistas. São profissões de alta interação humana, e isso os robôs não substituem bem”, afirma James Wright, diretor da Faculdade FIA de Administração e Negócios e coordenador do Profuturo (Programa de Estudos do Futuro). Em pesquisa do Profuturo sobre novas carreiras, uma das apostas foi nos conselheiros de aposentadoria, profissionais que orientam o processo pré e pós-aposentadoria, ajudando a traçar novos caminhos profissionais e pessoais. Atualmente, já há no Brasil algumas empresas de recrutamento e transição de carreira que oferecem o serviço para executivos, além de profissionais de coaching com atendimento especializado na área. A inteligência artificial também é um fator gerador de novos trabalhos. A consultoria Gartner prevê que, em 2020, surgirão 2,3 milhões de vagas relacionadas a esse campo. O número de robôs nas fábricas do mundo deve chegar a 3 milhões, calcula a Federação Internacional de Robótica. Vai diminuir o emprego industrial, mas haverá necessidade de profissionais na área de apoio, manutenção e programação de robôs. “São sistemas sofisticados que precisam de gente: por exemplo, especialistas em aprendizagem de máquinas ou em tomar decisões eficientes com base em big data [grande conjunto de dados]”, diz Wright, da FIA. Para o professor, o desafio está em formar mão de obra para funções são altamente qualificadas. Roberto Lotufo, professor da Unicamp e fundador da empresa de inteligência artificial NeuralMind, confirma que faltam profissionais especializados. “É difícil encontrar alguém que não seja puramente técnico, que entenda de negócio, saiba resolver o problema do cliente”, explica. Ainda na área de TI, outro cargo requisitado é o de programador especialista em blockchain. A nova tecnologia para armazenagem de dados digitais, usada para transações de criptomoedas, entre outras aplicações, exige desenvolvedores com conhecimento aprofundado na área. “Aqui optamos por contratar e formar na casa, pois não encontramos pessoas com a formação que precisávamos”, diz Nathalia Nicoletti, cofundadora da A Star Labs, especializada em blockchain.