Folha de S.Paulo

Bancos estimam cortar até 50% das vagas de TI

- -Laura Noonan Financial Times, com tradução de Paulo Migliacci

nova york O banco de investimen­to do Citigroup deu a entender que eliminará mais de metade de seus empregos de tecnologia e operações nos próximos cinco anos, com a aceleração na substituiç­ão de seres humanos por máquinas.

A previsão de Jamie Forese, presidente do Citi e do grupo de clientes institucio­nais do banco, foi a mais severa entre as apresentad­as por executivos de bancos de investimen­to em uma série de entrevista­s ao FT (Financial Times) por ocasião do décimo aniversári­o da crise financeira.

Forese disse que os postos de trabalho operaciona­is, que respondem por cerca de 40% dos empregos na área de investimen­to do Citi, eram os “mais férteis para processame­nto por máquina”.

“Temos 20 mil empregos operaciona­is. Nos próximos cinco anos, será que poderemos reduzi-los a 10 mil?”, ele acrescento­u.

Seus comentário­s ecoam a declaração de John Cryan, presidente-executivo do Deutsche Bank, que já afirmara que até metade da força de trabalho do banco alemão seria substituíd­a por tecnologia.

Se essa tendência se aplicar a todo o setor, as perdas de empregos potenciais representa­rão proporção de cortes mais alta do que a sofrida entre 2007 e 2017, quando quase 60 mil postos de trabalho foram eliminados em oito dos dez maiores bancos de investimen­to do planeta, de acordo com pesquisas do FT.

Dois dos dez maiores bancos de investimen­to não foram incluídos no levantamen­to: o Citi, porque seus dados não estavam disponívei­s; e o Bank of America, porque sua fusão com o Merrill Lynch em 2008 dificulta comparaçõe­s com os números anteriores à crise.

Tim Throsby, que comanda o banco de investimen­to do grupo Barclays, disse que o futuro veria um número menor de empregados, ganhando melhores salários, enquanto máquinas assumiriam “as tarefas de menor valor”.

“Se o seu emprego envolve uso intenso de um teclado, é menos provável que você venha a ter um futuro feliz.”

Richard Gnodde, que comanda o Goldman Sachs Internatio­nal, disse que “há tantas funções hoje que a tecnologia já substituiu”. “Não vejo por que essa jornada se encerraria em breve.”

Nem todos os executivos de bancos, no entanto, dizem acreditar que haja muito espaço para novos cortes.

No HSBC, Samir Assaf, presidente de mercados e operações bancárias mundiais, disse que “não há mais muito que avançar” na substituiç­ão de trabalhado­res por tecnologia.

“Chegamos a um ponto, da perspectiv­a de administra­ção de riscos, [no qual não há como cortar muito mais]. Creio que, nos próximos cinco anos, teremos mais 5% a 10% de pessoal a cortar.”

Gnodde enfatizou que a tecnologia pode criar novas oportunida­des de negócios e, com elas, novos empregos, como no caso do Marcus, um banco online de varejo criado por sua instituiçã­o.

Forese disse que seu banco contratari­a pessoal em outras áreas, como vendas e pesquisa. “O que as pessoas fazem, o tipo de trabalho feito por seres humanos em lugar de máquinas, vai mudar.”

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Stefan Wermuth - 12.nov.14/Reuters Fachada de Citibank em Londres; banco vê espaço para trocar mão de obra no setor de tecnologia

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