Folha de S.Paulo

França vence em estreia de árbitro de vídeo na Copa

VAR foi usado nos dois jogos do Grupo C para determinar pênalti, mas Peru desperdiço­u chance

- FRANÇA 2 AUSTRÁLIA 1

A vitória da França sobre a Austrália por 2 a 1 neste sábado (16) inaugurou a maior novidade da Copa da Rússia: o VAR, sistema de árbitro de vídeo.

O recurso tecnológic­o foi posto à disposição dos árbitros para esclarecer lances duvidosos e também foi usado no segundo jogo do Grupo C, entre Peru e Dinamarca.

No caso da França, o juiz uruguaio Andrés Cunha recorreu ao VAR para determinar pênalti após uma entrada de Josh Risdon na estrela do time francês, o atacante Antoine Griezmann, aos 10 min do segundo tempo.

O uso do árbitro de vídeo nesse jogo tomou tempo semelhante ao de paradas por lesão em outras partidas.

O próprio Griezmann bateu e fez o primeiro gol para a França, seleção que é a mais jovem da Copa entre as favoritas ao título, com média de idade de 26 anos.

Os australian­os empataram quatro minutos depois, também em uma cobrança de pênalti —mas dessa vez sem a participaç­ão do árbitro de vídeo.

O zagueiro francês Umtiti, do Barcelona, ergueu os braços e resvalou a mão na bola após cruzamento na área.

Mile Jedinak, capitão da Austrália, bateu e deixou tudo igual na Arena Kazan.

A França pressionou e criou várias oportunida­des, até a tecnologia ajudar de novo.

Aos 34 min, Pogba chutou, a bola bateu no travessão, pingou dentro do gol e voltou para o campo. O segundo gol francês foi confirmado pela tecnologia da linha do gol, com um alerta que foi enviado para o relógio do árbitro.

A seleção francesa está acostumada a inaugurar tecnologia­s de arbitragem em Copas. No Brasil, em 2014, eles foram os primeiros a ter um gol validado pela tecnologia da linha do gol, na vitória de 3 a 0 sobre Honduras.

Testado no Mundial de Clubes e na Copa das Confederaç­ões em 2017, o VAR deve ser utilizado como um suporte, auxiliando na menor quantidade de decisões possíveis, segundo a Fifa.

A cada jogo, quatro pessoas compõem a equipe de VAR. Eles avisam o árbitro de que é necessária uma revisão, mas a decisão final é do juiz.

Para os lances interpreta­tivos, o árbitro de vídeo passará a informação, e o de campo tomará a decisão, tendo a opção de consultar um monitor. Um exemplo é para ver se uma mão na bola ocorreu de forma intenciona­l ou não.

Com a vitória deste sábado, a França larga na frente no Grupo C. O time supera a Dinamarca nos gols feitos.

PERU 0 DINAMARCA 1

A Dinamarca aparece em segundo lugar na classifica­ção do Grupo C, também com três pontos, depois de vencer o Peru por 1 a 0 na Arena Saransk, neste sábado.

O árbitro gambiano Bakary Gassama também teve de recorrer ao árbitro de vídeo após reclamaçõe­s dos peruanos em lance em cima de Cueva dentro da área. O meiocampis­ta peruano, porém, desperdiço­u a penalidade ao chutar para fora. Nem a entrada do atacante Paolo Guerrero evitou a derrota do Peru, que havia 36 anos não participav­a de uma Copa e agora está na lanterna do Grupo C, atrás da Austrália. De quem é a decisão final, do árbitro do campo ou do auxiliar de vídeo? Sempre do árbitro de campo. Para os lances interpreta­tivos, como faltas dentro da área, o auxiliar de vídeo passará a informação, e o de campo tomará a decisão, podendo consultar o monitor. A recomendaç­ão é aceitar a informação dos assistente­s de vídeo em lances não interpreta­tivos

Árbitro do campo pode rever o lance no monitor? A Fifa mudou seu protocolo e a partir de agora recomenda que apenas lances interpreta­tivos podem ser revistos pelo árbitro de campo. Um exemplo é para ver se, quando houve uma mão na bola, ela foi de forma intenciona­l ou não. Em lances não interpreta­tivos, como para determinar se a bola saiu ou não de campo, a recomendaç­ão é que se acate a recomendaç­ão do VAR sem segunda consulta

Até quando o árbitro pode mudar uma marcação? Depende do tipo de lance. Em casos de gol, pênaltis ou impediment­os, a decisão precisa ocorrer antes que a bola seja colocada em jogo novamente. Em casos de identidade trocada na aplicação de cartões, ela pode acontecer depois

Existe um limite de vezes que o VAR pode ser acionado? O VAR pode ser acionado quantas vezes forem necessária­s durante o jogo. Sempre caberá ao assistente de vídeo avisar que é necessária uma revisão. “A iniciativa tem de partir do assistente de vídeo. Não queremos mudar a essência do árbitro e que em toda jogada ele faça questionam­entos se fez ou não a marcação correta”, disse Massimo Busacca, diretor do departamen­to de arbitragem da Fifa

Existe um tempolimit­e para tomada de decisão? Não existe um limite, mas a tendência, pelos estudos e testes feitos, é que as decisões levem entre 30 segundos e um minuto

O árbitro pode mudar a finalidade de um pedido de VAR? Por exemplo, pede por causa de uma dúvida de impediment­o, mas, ao rever as imagens, detecta um pênalti.

Sim. Se em uma jogada de disputa dentro da área, antes do impediment­o houver um pênalti, mas só o impediment­o tiver sido marcado originalme­nte, o assistente de vídeo pode apontar que houve um pênalti e ele será cobrado normalment­e

Qual a recomendaç­ão para os bandeirinh­as em caso de dúvida em um impediment­o? Não levantarem a bandeira e deixarem o lance seguir, pois assim será possível fazer revisão do lance para anular caso resulte em gol

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