Folha de S.Paulo

Boicotado, Irã compra uniforme para jogar

- -Fábio Aleixo

Para disputar a sua quinta Copa do Mundo, o Irã precisou comprar uniformes para jogar. Todas as peças que compõem a vestimenta da equipe asiática são adquiridas da fabricante Adidas.

A informação foi confirmada à Folha pela Federação Iraniana de Futebol, que evitou dar mais detalhes sobre o caso. No site oficial da entidade, não existe nenhuma exibição do logotipo da Adidas.

Para vestir a seleção brasileira, por exemplo, a Nike pagou em 2017 R$ 116 milhões.

Os iranianos, porém, não reclamam da cobrança da Adidas. A empresa alemã tem ajudado a equipe nacional a driblar um problema causado pelas sanções econômicas dos Estados Unidos.

Forneceu chuteiras aos atletas da equipe após a Nike se recusar a fazê-lo devido ao embargo americano.

A recusa da Nike irritou o técnico Carlos Queiroz e diversos atletas da seleção.

“O que a Nike fez conosco foi muito errado”, disse o atacante Karim Ansarifard. “Eu não quero comentar muito esse assunto, mas, como jogador de futebol, nós não comparamos problemas políticos e diplomátic­os com o esporte.”

“É algo totalmente injusto contra 23 garotos que só querem jogar futebol. Eles merecem ser tratados como qualquer outro jogador no mundo”, disse Queiroz.

Em nota, a empresa afirmou que “as sanções dos Estados Unidos fazem com que a Nike, como uma empresa americana, não possa fornecer chuteiras para os jogadores do Irã”.

Em maio, o presidente americano, Donald Trump, anunciou a retirada do país do acordo nuclear com Teerã. Com isso, derrubou o alívio das sanções econômicas ao país asiático, que valia desde 2015.

Com o Irã no portfólio, a Adidas é a empresa que mais tem representa­ntes na Copa do Mundo. São 12 seleções —incluindo o Irã—, superando a Nike, que veste dez seleções. O ranking ainda tem Puma (4), New Balance (2), Uhlsport (1), Hummel (1), Umbro (1) e Errea (1).

A Adidas também é patrocinad­ora oficial da Fifa há 20 anos. Antes disso, já produzia a bola do Mundial desde 1970, no México.

A última renovação de contrato entre Fifa e Adidas foi em 2014 e é válida até 2030. Os valores são mantidos em sigilo, mas por ser uma parceira de grau máximo a estimativa é que desembolse cerca de US$ 44 milhões (R$ 164 milhões) por ano.

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Albert Gea/Reuters Hannes Halldorsso­n celebra gol da Islândia

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