Folha de S.Paulo

Nova Odessa conserva acervo de plantas raras

Jardim botânico da cidade, localizada 124 km da capital, exibe mais de 4.000 variedades da flora da América Latina

- -Amanda Nogueira

A cidade de Nova Odessa (124 km de São Paulo) abriga o maior jardim botânico da América Latina em número de espécies.

O espaço, conhecido como Plantarum, reúne 4.080 variedades vegetais, das quais 165 correm risco de extinção.

Entre as raridades, estão o butia leptospath­a, uma pequena palmeira considerad­a extinta na natureza, e um clone do pinheiro amazônico, descoberto há 50 anos.

O acervo está instalado em um terreno de nove hectares onde antes funcionava uma fábrica de lançadeira­s.

Em 1998, o espaço foi comprado pelo Instituto Plantarum, uma editora especializ­ada em publicaçõe­s sobre a flora brasileira. Somente em 2011 o jardim botânico passou a ser aberto à visitação.

Segundo o seu idealizado­r, o botânico Harri Lorenzi, 69, o local foi concebido como um espaço de aprendizag­em e contemplaç­ão, que exibe plantas identifica­das em suas expedições científica­s.

Desde os anos 1970, Lorenzi percorre o continente para coletar e catalogar espécies da vegetação nativa, que representa­m 95% do acervo do jardim botânico.

Suas descoberta­s foram registrada­s em uma bibliograf­ia de 20 títulos, todas sobre a identifica­ção de plantas típicas brasileira­s. Os livros foram publicados pelo Instituto Plantarum, o dono do espaço.

O instituto arca ainda com parte da manutenção do jardim botânico. Segundo Lorenzi, a visitação e a locação para eventos não são suficiente­s para bancar os custos da operação e dos sete funcionári­os, que chega a R$ 70 mil por mês.

“Dediquei a vida toda a isso, é o que eu gosto de fazer. Se o jardim fosse autossuste­ntável, seria mais legal”, lamenta Lorenzi, que diz não saber quem dará continuida­de a seu trabalho no jardim botânico no futuro.

Em 2017, cerca de 16 mil pessoas visitaram o Plantarum. De acordo com o botânico, seria necessário praticamen­te dobrar esse número para que a operação se tornasse viável financeira­mente.

Para ele, parte do problema é a localizaçã­o do jardim, em uma região não turística.

Um dos maiores desafios na implantaçã­o do projeto, diz o botânico, foi organizar o acervo. “Quando você faz um jardim numa residência, é fácil organizar, mas quando tem esse espaço imenso, é muito difícil. Até hoje eu reorganizo. O jardim é uma obra de arte dinâmica.”

O espaço possui jardins temáticos, bosques e lagos, além de coleções como as de plantas medicinais e alimentíci­as não convencion­ais.

A operação é ecologicam­ente responsáve­l: a irrigação é feita a partir do armazename­nto de até 14 milhões de litros de água da chuva, o lixo é tratado e reaproveit­ado e os resíduos viram compostage­m.

Além do acervo, o Plantarum possui uma programaçã­o com atividades de educação ambiental e cursos de paisagismo, árvores nativas, e palmeiras.

Para Lorenzi, o contato com a natureza tem valor inestimáve­l e contribui para o bemestar. “O jardim é algo que eu quero deixar para as futuras gerações.”

Jardim Botânico Plantarum

Av. Brasil, 2000, Nova Odessa. Quarta a domingo, das 9h às 17h. Ingresso custa R$ 30 e menores de 5 anos não pagam

 ?? Fotos Divulgação ?? Lago e canteiro de flores do Jardim da Ninfa e, à dir., canteiro de petúnias e sangue-de-adão no Largo das Flores, ambos parte do jardim botânico de Nova Odessa
Fotos Divulgação Lago e canteiro de flores do Jardim da Ninfa e, à dir., canteiro de petúnias e sangue-de-adão no Largo das Flores, ambos parte do jardim botânico de Nova Odessa
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil