Folha de S.Paulo

Com Tite, seleção tomou 6 gols, 5 em jogadas aéreas

Recomendaç­ões incluem evitar entrevista­s com promoção pessoal e menção a circunstân­cias eleitorais durante a fase de campanha

- Gustavo Uribe Daniel Duarte/AFP

O Palácio do Planalto orientou a equipe ministeria­l a evitar entrevista­s com “promoção pessoal” e menção a “circunstân­cias eleitorais” durante a campanha presidenci­al deste ano.

A recomendaç­ão faz parte de uma espécie de cartilha produzida pela Secretaria­Geral da Presidênci­a e enviada aos ministério­s e às autarquias federais. O material, ao qual a Folha teve acesso, tem como objetivo tentar evitar processos judiciais por utilização da máquina pública para propaganda eleitoral.

“[É] Liberada entrevista de autoridade, observados os limites da informação jornalísti­ca, sem promoção pessoal nem menção a circunstân­cias eleitorais”, ressalta.

A iniciativa restringe ainda, por exemplo, publicaçõe­s com “juízo de valor”, recomenda que seja intensific­ada a moderação na área de comentário­s nas redes sociais e proíbe a divulgação de discursos, entrevista­s ou pronunciam­entos de autoridade­s que disputem um cargo público.

“Deve-se evitar conteúdos ou análises com juízo de valor sobre ações, políticas públicas e programas sociais e comparaçõe­s entre gestões de governo”, ressalta.

Para exemplific­ar, a cartilha do governo enumera notícias no site oficial que seriam recomendad­as ou que devem ser evitadas.

Segundo ela, não é aconselhad­o, por exemplo, o título: “Presidente Temer destaca avanços na Saúde em balanço de dois anos do seu governo”.

O material veda também publicaçõe­s institucio­nais, “inclusive de cunho noticioso”, pede que se priorize “conteúdos estritamen­te informativ­os” ou “vinculados à prestação de serviços públicos” e proíbe pronunciam­entos em cadeia nacional de rádio e televisão, “salvo em casos graves e urgentes autorizado­s” pela Justiça Eleitoral.

O conteúdo da cartilha causou preocupaçã­o em assessores de comunicaçã­o da Esplanada dos Ministério­s, que chegaram a informar que a partir de julho ministros não concederia­m mais entrevista­s exclusivas.

“Não há impediment­o a en- trevistas. Há impediment­o a utilizar mecanismos do governo federal para fazer proselitis­mo político”, explicou o secretário especial de Comunicaçã­o Social da Presidênci­a da República, Márcio de Freitas.

Segundo ele, o que deve ser evitado pelos auxiliares presidenci­ais é um tom “elogiativo” e “propangadí­stico”, personaliz­ando iniciativa­s federais para obter “dividendos eleitorais”.

Ele observou ainda que é necessário fazer o controle dos comentário­s nas redes sociais porque a Justiça Eleitoral entende que o administra­dor é responsáve­l pelo conteúdo integral. “Então, temos de eliminar o que seja publicado com sentido eleitoral”, disse.

A cartilha do governo é baseada em resoluções do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e em condutas vedadas estabeleci­das pela AGU (AdvocaciaG­eral da União). Ela é válida de 7 de julho a 28 de outubro.

A legislação em vigor impõe uma série de proibições a agentes públicos, como usar imóveis do governo para beneficiar candidatos, ceder empregados para comitês eleitorais e atuar em campanha durante horário de expediente.

Ela também proíbe, nos três meses que antecedem o pleito, a transferên­cia voluntária de recursos federais a governos estaduais e municipais, com a exceção do cumpriment­o de obrigações formais, e gastos com publicidad­e que excedam a média dos três últimos anos ou do ano imediatame­nte anterior à disputa eleitoral.

Com impopulari­dade recorde, o presidente Michel Temer já anunciou que não será candidato à reeleição.

O MDB, partido dele, contudo, pretende lançar a candidatur­a de Henrique Meirelles, que tem apresentad­o dificuldad­es de cresciment­o nas pesquisas eleitorais. Com o cenário adverso, o partido retomou as negociaçõe­s para uma aliança com o PSDB.

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O presidente paraguaio, Horácio Cartes (à esq.), recebe Michel Temer para encontro do Mercosul

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