PF indicia exprocurador Miller, Joesley Batista e três advogados
brasília O ex-procurador da República Marcelo Miller, o empresário Joesley Batista e mais três advogados foram indiciados pela Polícia Federal por suposta prática de corrupção no inquérito que apura se Miller fez jogo duplo durante a elaboração dos acordos de delação de executivos da JBS.
Em relatório enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), a PF atribui ao exprocurador o crime de corrupção passiva.
O relatório sustenta que ele recebeu R$ 1,8 milhão da J&F Investimentos, que controla a empresa, quando ainda integrava a equipe da Procuradoria-Geral da República (PGR), para atuar como advogado de um escritório contratado pelo grupo.
O delegado responsável pelo caso, Cleyber Malta Lopes, diz que Joesley, o ex-diretor jurídico da J&F Francisco de Assis e Silva, além das advogadas Fernanda Tórtima e Esther Flesch, contratadas pelo grupo, foram os responsáveis por corromper Miller. Eles foram indiciados por corrupção ativa.
Para Lopes, há indícios suficientes de que os quatro esconderam qual foi o verdadeiro papel do ex-procurador para ajudar na celebração dos acordos.
As informações sobre os indiciamentos foram publicadas pela GloboNews e confirmadas pela Folha.
A PF afirma que não houve interferência do ex-procurador nas gravações feitas por Joesley em encontros com o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Os áudios desencadearam ações controladas na Operação Patmos. Por isso, diz o relatório, as provas devem ser mantidas e usadas para instruir inquéritos.
Em nota, a defesa de Miller afirmou que, em sua “atividade preparatória junto à empresa J&F”, o ex-procurador “atuou em caráter privado, usando apenas seu conhecimento jurídico e sua experiência profissional, sem envolver nenhum aspecto da função pública”.
A J&F, também por escrito, afirmou que Joesley e Francisco de Assis “jamais contrataram, ofereceram ou autorizaram que fosse oferecida qualquer vantagem indevida” a Miller.