De olho na Copa, Bogotá vira página da eleição
bogotá A capital colombiana amanheceu nesta segunda-feira (18) sem grandes pistas de que o país escolhera, na véspera, um novo presidente, o direitista Iván Duque, 41.
Ao menos três razões ajudam a entender a falta de destaque que a votação recebeu. Primeiro, a vitória era mais do que previsível. Em segundo lugar, Bogotá votou pelo esquerdista Gustavo Petro, seu ex-prefeito. Por fim, mas não menos importante, a seleção colombiana estreia na Copa do Mundo nesta terça (19).
Para os locais, o horário será inglório: 7h (9h em Brasília). Mas um passeio pelas principais avenidas já revelava na segunda a retirada de cartazes de campanha, enquanto em restaurantes e cafés se anunciavam promoções especiais de “café da manhã com telão”. O adversário será o Japão.
“Minha principal dúvida é se Duque vai se deixar ser uma marionete de [Álvaro] Uribe [presidente de 2002 a 2010]. Seria terrível: teríamos policiamento ostensivo, mais violência, mais corrupção”, disse Stefanía Rosa, 44, que votou em branco no segundo turno.
“Votei em Duque nos dois turnos. Com Uribe, estive no Exército, e lá tínhamos tudo, equipamento de ponta, bom clima para trabalhar. [O atual presidente Juan Manuel] Santos destruiu tudo, por isso agora faço isso”, disse o taxista Martín Robledo, 39.
“Não temo pelo acordo de paz, porque ele depende mais dos cidadãos do que do presidente. Empreguei seis excombatentes das Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] na minha plantação de café. Não me interessa o que fizeram na guerrilha, a Colômbia tem de virar essa página”, afirmou o empresário rural Cristian Arboledo, 58, que veio a Bogotá votar.
A posse de Iván Duque será em 7 de agosto. Petro também estará no Senado e promete armar um bloco opositor “forte e construtivo”.
Com a vitória do direitista, a Colômbia terá, pela primeira vez, uma vice mulher. Trata-se da conservadora Marta Lucía Ramírez, 63, ministra da Defesa na gestão Uribe e de Comércio Exterior de Andrés Pastrana (1998-2002).
Desde que se afastou do padrinho Uribe, Marta Lucía vinha tentando alcançar a Presidência sozinha. Foi candidata em 2014, mas só obteve 2 milhões de votos. Desta vez, alimentou de novo a esperança de concorrer, mas acabou perdendo na disputa interna da direita colombiana.
Marta Lucía, porém, foi muito importante para a candidatura de Duque por ser mais conhecida do que ele graças a sua atuação como ministra da Defesa. Pode-se atribuir a alta votação de Duque no interior e no sul ao fato de ela conhecer muito bem a região.
Como seu parceiro de chapa, ela é advogada e também foi senadora.