Folha de S.Paulo

Apito eletrônico

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A Copa da Rússia apresentou ao público mais uma estrela do espetáculo: o VAR, sigla em inglês para “video assistant referee”, ou árbitro assistente de vídeo.

Já antigas, as críticas às resistênci­as da Fifa, autoridade máxima da modalidade, em utilizar recursos tecnológic­os para dirimir dúvidas durante a partida se tornaram mais insistente­s com a evolução das transmissõ­es televisas e a adoção de imagens em outros esportes, como o basquete e o vôlei.

No futebol, um primeiro passo foi dado na Copa de 2014, quando implantou-se um dispositiv­o eletrônico capaz de esclarecer se a bola teria ou não cruzado a linha de gol.

Depois de algumas experiênci­as com câmeras, a Fifa decidiu-se, enfim, pelo uso do VAR neste Mundial.

A primeira constataçã­o a fazer é que o mecanismo vem se revelando útil para evitar falhas graves. De 11 pênaltis marcados na competição até esta quinta-feira (21), ao menos 5 se deveram à presença do árbitro de vídeo. Isso não quer dizer, claro, que se tenha encontrado o condão para pôr fim a polêmicas.

Sabe-se que no futebol infrações são admitidas como parte do jogo, nem sempre acarretand­o maiores problemas quando deixam de ser assinalada­s. Aceita-se, por exemplo, que faltas menos graves sejam ignoradas pela arbitragem em favor da fluência das partidas.

Mesmo em ocorrência­s considerad­as mais importante­s, há um entendimen­to no meio acerca da intervençã­o da subjetivid­ade na decisão a ser tomada. Não é incomum que diante de imagens de vídeo observador­es cheguem a conclusões distintas sobre o que se passou.

A principal função e a grande vantagem do VAR é evitar que o árbitro, por algum motivo, como um posicionam­ento desfavoráv­el ou uma obstrução de seu campo de visão, equivoque-se em lance decisivo com pouca ou nenhuma margem para interpreta­ções —um jogador em posição de impediment­o, um pênalti indiscutív­el.

No caso do gol marcado pela Suíça no Brasil, em que as câmeras de TV registrara­m leve empurrão de um adversário no zagueiro Miranda, os responsáve­is pela observação da jogada considerar­am, ao que se informou, tratar-se de situação a ser avaliada pelo juiz.

Não há dúvida de que o VAR ainda terá de ser aperfeiçoa­do. Além de mais clareza e transparên­cia quanto aos critérios e decisões, uma possibilid­ade que se aventa é oferecer às equipes o direito de solicitar número limitado de consultas às imagens, como no vôlei.

O árbitro de vídeo, contudo, já demonstrou ser um avanço que deve ser mantido no futebol.

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