Folha de S.Paulo

Crise é novo reequilíbr­io global, diz presidente do Santander

- Raquel Landim A repórter viajou a convite do Santander

Ana Botín, presidente mundial do Santander, não está preocupada com o aumento da aversão ao risco global que vem provocando forte desvaloriz­ação das moedas dos países emergentes, principalm­ente na América Latina.

“Sigo otimista. Isto não é 1982, nem 1994, nem 2001. O contexto é muito diferente”, afirmou a banqueira nesta quinta-feira (21), em um evento realizado pelo Santander, em Londres.

Ela estava se referindo a turbulênci­as que quase quebraram os países da América Latina, como a crise da dívida externa de 1982, a crise do México em 1994 e o efeito Tequila, que provocou o fim do câmbio fixo no Brasil, e a crise da Argentina em 2001.

Segundo a banqueira, o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos pode levar a queda de 0,5% no cresciment­o da América Latina neste ano, mas os países da região estão muito mais preparados, especialme­nte o Brasil, que possui robustas reservas internacio­nais.

“Apesar das aparências, o que está ocorrendo é um novo equilíbrio global. Os Estados Unidos voltaram a crescer, e isso é bom para a América Latina e para o mundo”, disse Botín, ressaltand­o que o cresciment­o mundial é o maior dos últimos cinco anos.

Ela reconhece que há riscos: não só a alta de juros nos EUA, que provoca fuga de capitais nos países emergentes, mas também o fim dos programas de relaxament­o monetário na Europa e a guerra comercial, iniciada por Donald Trump.

“Se a guerra comercial se agravar, vai desacelera­r o cresciment­o, mas, por enquanto, temos de olhar os números. O comércio global segue avançando.”

Botín evitou fazer comentário­s sobre a eleição presidenci­al que se aproxima no Brasil. “Em política, eu não me meto”, afirmou.

Ela ressaltou apenas que é importante que o governo brasileiro prossiga fazendo as reformas.

No primeiro trimestre deste ano, o Brasil respondeu por 27% do lucro do grupo, seguido pela matriz na Espanha com 18%, e pelo Reino Unido, com 13%.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil