Folha de S.Paulo

Trump quer expulsão sumária de imigrantes

Presidente sugere deportar estrangeir­os sem documento sem julgamento; 538 crianças retidas voltam para famílias

- Danielle Brant

O presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu neste domingo (24) que imigrantes ilegais sejam deportados a seus países de origem sem passar por processo judicial, e criticou as atuais leis de imigração, que determinam que o caso do migrante passe por um juiz.

“Não podemos permitir que todas essas pessoas invadam nosso país. Quando alguém chega, precisamos imediatame­nte, sem nenhum juiz ou tribunal, levá-las de volta para onde vieram. Nosso sistema é uma piada diante da boa política migratória, a lei e a ordem. A maioria das crianças vem sem os pais”, escreveu Trump em canal oficial.

Ele também escreveu que a política de imigração dos EUA é “piada no mundo” e “muito injusta com todas aquelas pessoas que passaram pelo sistema legalmente e estão esperando na fila por anos”.

“A imigração deve ser baseada em mérito —precisamos de pessoas que vão ajudar a tornar a América Grande de novo”, escreveu, em referência a seu lema de campanha.

Hoje, o imigrante flagrado tentando entrar ilegalment­e é submetido a processo judicial. Se considerad­o culpado, ele é enviado a seu país de origem.

A nova ofensiva ocorre poucos dias após Trump ser forçado a recuar em sua política de tolerância zero, que prevê julgamento criminal de quem chega à fronteira sem documentos. Na quarta (20), sob críticas internacio­nais e domésticas por separar crianças migrantes de seus pais encaminhad­os a presídios para aguardar julgamento, Trump assinou um decreto para manter essas famílias unidas.

Na noite de sábado (23), o governo finalmente delineou o plano para fazê-lo. Como muitos menores são enviados a abrigos espalhados pelos EUA, o governo era questionad­o sobre como os pais conseguiri­am encontrar seus filhos.

A confusão aumenta porque falta troca de informação nos diferentes níveis de governo, levando estados e prefeitura­s a não saber quantos menores foram enviados para organizaçõ­es de cuidados de crianças.

Segundo o Departamen­to de Segurança Interna, foram adotados mecanismos de identifica­ção para assegurar que os membros de cada família saibam a localizaçã­o das crianças e consigam se comunicar regularmen­te com elas.

O departamen­to afirma ainda que conhece a localizaçã­o de todas as crianças sob sua custódia e diz que trabalha para reuni-las a seus pais.

Não há informaçõe­s, porém, quanto ao tempo que levará para o reencontro acontecer.

Até agora, 522 menores foram reunidos a seus pais desde que a política de tolerância zero teve início, em abril. Outros 16 seriam devolvidos na sexta (22), mas houve atraso na viagem por condições climáticas. O reencontro era previsto para este domingo (24).

Ainda há 2.053 menores separadas dos pais, sob custódia do departamen­to de Saúde e Serviços Humanos. Dessas, 17% teriam sido separadas dos pais —as outras 83% teriam chegado aos EUA sem pais ou responsáve­l.

Segundo o Departamen­to de Segurança Interna, pais e mães em vias de deportação podem pedir que o filho os acompanhe ao país de origem, mas há quem decida deixá-lo.

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