Trump quer expulsão sumária de imigrantes
Presidente sugere deportar estrangeiros sem documento sem julgamento; 538 crianças retidas voltam para famílias
O presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu neste domingo (24) que imigrantes ilegais sejam deportados a seus países de origem sem passar por processo judicial, e criticou as atuais leis de imigração, que determinam que o caso do migrante passe por um juiz.
“Não podemos permitir que todas essas pessoas invadam nosso país. Quando alguém chega, precisamos imediatamente, sem nenhum juiz ou tribunal, levá-las de volta para onde vieram. Nosso sistema é uma piada diante da boa política migratória, a lei e a ordem. A maioria das crianças vem sem os pais”, escreveu Trump em canal oficial.
Ele também escreveu que a política de imigração dos EUA é “piada no mundo” e “muito injusta com todas aquelas pessoas que passaram pelo sistema legalmente e estão esperando na fila por anos”.
“A imigração deve ser baseada em mérito —precisamos de pessoas que vão ajudar a tornar a América Grande de novo”, escreveu, em referência a seu lema de campanha.
Hoje, o imigrante flagrado tentando entrar ilegalmente é submetido a processo judicial. Se considerado culpado, ele é enviado a seu país de origem.
A nova ofensiva ocorre poucos dias após Trump ser forçado a recuar em sua política de tolerância zero, que prevê julgamento criminal de quem chega à fronteira sem documentos. Na quarta (20), sob críticas internacionais e domésticas por separar crianças migrantes de seus pais encaminhados a presídios para aguardar julgamento, Trump assinou um decreto para manter essas famílias unidas.
Na noite de sábado (23), o governo finalmente delineou o plano para fazê-lo. Como muitos menores são enviados a abrigos espalhados pelos EUA, o governo era questionado sobre como os pais conseguiriam encontrar seus filhos.
A confusão aumenta porque falta troca de informação nos diferentes níveis de governo, levando estados e prefeituras a não saber quantos menores foram enviados para organizações de cuidados de crianças.
Segundo o Departamento de Segurança Interna, foram adotados mecanismos de identificação para assegurar que os membros de cada família saibam a localização das crianças e consigam se comunicar regularmente com elas.
O departamento afirma ainda que conhece a localização de todas as crianças sob sua custódia e diz que trabalha para reuni-las a seus pais.
Não há informações, porém, quanto ao tempo que levará para o reencontro acontecer.
Até agora, 522 menores foram reunidos a seus pais desde que a política de tolerância zero teve início, em abril. Outros 16 seriam devolvidos na sexta (22), mas houve atraso na viagem por condições climáticas. O reencontro era previsto para este domingo (24).
Ainda há 2.053 menores separadas dos pais, sob custódia do departamento de Saúde e Serviços Humanos. Dessas, 17% teriam sido separadas dos pais —as outras 83% teriam chegado aos EUA sem pais ou responsável.
Segundo o Departamento de Segurança Interna, pais e mães em vias de deportação podem pedir que o filho os acompanhe ao país de origem, mas há quem decida deixá-lo.