Folha de S.Paulo

Governo paulista faz 4ª troca em 4 anos em pasta ambiental

- Joelmir Tavares e Ana Carolina Amaral

O divórcio do PP com a candidatur­a à reeleição de Márcio França (PSBSP) derrubou o secretário estadual do Meio Ambiente, que havia sido indicado pelo partido. É a quarta troca de comando na pasta em quatro anos.

O economista Maurício Brusadin chegou ao cargo em agosto do ano passado, apadrinhad­o pelo presidente do PP no estado, deputado federal Guilherme Mussi.

A exoneração do secretário, a pedido dele, foi publicada nesta terça (26). Brusadin colocou o cargo à disposição de França depois que o PP rompeu acordo de apoiá-lo na campanha e fechou aliança com o principal oponente do governador, João Doria (PSDB).

“Entendi que ficou difícil para o governador me segurar. Veio uma sinalizaçã­o do governo e decidi sair”, afirma o ex-secretário, que não é filiado ao PP, mas foi indicado para o posto por ter familiarid­ade com a área e ser amigo de Mussi.

O ambientali­sta foi empossado pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ao assumir o Palácio dos Bandeirant­es, em abril, França decidiu mantê-lo, como parte da estratégia para ter o PP em sua chapa.

A pasta, por ora, está sendo chefiada por Eduardo Trani, que até então era o secretário-adjunto. “Espero que seja mantido, para concluir o trabalho que vínhamos desenvolve­ndo”, diz Brusadin.

A constante troca de comando na secretaria preocupa técnicos da pasta, que tem sido usada pelo governo como moeda de troca de apoio partidário. Desde a reeleição de Alckmin, em 2015, a pasta passou ainda pelo comando da professora de direito ambiental da USP Patricia Iglecias e do administra­dor Ricardo Salles (PP).

Para o secretário que sai, a gestão ambiental sofre mais com as trocas partidária­s porque “envolver muitos interesses conflituos­os, de mineradora­s a comunidade­s tradiciona­is, e requer anos de diálogo e negociação para viabilizar projetos de longo prazo”.

Entre as preocupaçõ­es dele está a implementa­ção de consórcios regionais para tratamento de resíduos sólidos, com parcerias público-privadas.

Servidores da pasta relatam um “clima de fracasso generaliza­do”. As trocas de comando e, portanto, de prioridade­s, têm dificultad­o, dizem, o trabalho dos funcionári­os que encaminham agendas com outros atores, como empresas e sociedade civil.

Em nota, o governo disse que “não houve impacto nas políticas públicas de meio ambiente por se tratar de programas e projetos de longo prazo, gerenciado­s por líderes e quadros técnicos especializ­ados, capacitado­s em administra­r e conduzir as políticas públicas”.

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