Folha de S.Paulo

Após um mês de separação, brasileira revê filho por uma hora

- Danielle Brant

Depois de quase um mês, a brasileira Lídia Karine Souza, 27, conseguiu rever durante uma hora o filho Diogo, 9, de quem foi separada por causa da política de tolerância zero a imigrantes do governo de Donald Trump.

Lídia chegou nesta terçafeira (26) a Chicago para encontrar o menino, que está em uma instituiçã­o na cidade.

Em comunicado, o advogado Jesse Bless, que representa gratuitame­nte Lídia, afirmou que, após horas de conversas com autoridade­s, ele e Lídia foram autorizado­s a ver Diogo. O encontro ocorreu em um local separado do abrigo onde ele é mantido.

“Foi um encontro extremamen­te emocionado e uma despedida ainda mais emocionada —pela segunda vez—, porque os agentes não deixaram a criança ser liberada sob a custódia da própria mãe”, afirmou Bless.

Segundo ele, por causa desse desfecho “decepciona­nte”, ambos entraram com pedido para ter uma audiência de emergência. Também deram continuida­de ao processo com o qual Lídia tenta reaver a custódia de Diogo.

“Foi um desfecho devastador para Lídia e para seu filho, mas nós continuamo­s esperanços­os de que as autoridade­s vão reverter essa decisão e devolvê-lo para a mãe em breve.”

De acordo com o advogado, Diogo passou sozinho o aniversári­o, na segunda (25), no abrigo em Chicago.

Mais cedo, em entrevista ao jornal Chicago Sun-Times, Bless afirmou que a brasileira só tinha permissão de se comunicar com o filho por 20 minutos durante a semana.

Por causa da burocracia, afirma o advogado, Lídia e Diogo só devem conseguir se reunir no fim do próximo mês.

Bless diz que a brasileira entrou nos EUA legalmente em 29 de maio em busca de asilo. Ele afirma que Lídia tem um medo “crível” de perseguiçã­o no Brasil e que precisava de asilo nos EUA, embora não tenha detalhado qual seria o temor da brasileira.

Ela e o filho se apresentar­am no controle de fronteira com o México, foco da estraNo tégia anti-imigração ilegal de Donald Trump.

Segundo Bless, Lídia entrou legalmente nos EUA com autorizaçã­o do Departamen­to de Segurança Doméstica. Depois, passou por uma verificaçã­o inicial para determinar se o pedido de asilo era válido.

No dia 30, segundo o jornal The New York Times, um agente, com a ajuda do tradutor do Google, disse que, como ela não havia se apresentad­o em um portão de entrada oficial, tinha ingressado ilegalment­e nos EUA.

Lídia foi detida e separada de Diogo, que foi enviado a um abrigo.

A brasileira foi mandada a uma corte federal, onde se confessou culpada por ter entrado ilegalment­e nos EUA. Foi sentenciad­a a cumprir um período na cadeia e passou por três centros de detenção. dia 9 de junho, foi liberada sob compromiss­o de comparecer judicialme­nte para futuros procedimen­tos. No entanto, Lídia não recebeu informaçõe­s exatas sobre como se reunir com seu filho.

A brasileira agora vive com a família em Massachuse­tts (que tem uma maiores comunidade­s de brasileiro­s dos EUA), segundo Bless.

Na quarta-feira passada (20), em meio às fortes críticas domésticas e internacio­nais, Trump assinou uma ordem executiva para manter as famílias unidas.

No domingo (24), porém, voltou à carga contra os imigrantes e defendeu a expulsão sumária, sem direito a julgamento, de quem for flagrado tentando entrar ilegalment­e nos Estados Unidos.

Pelo menos 2.300 menores que atravessar­am a fronteira com os pais foram separados desde abril. Cerca de 50 deles eram brasileiro­s, como revelou a Folha na semana passada.

Até agora, 522 menores foram reunidos às suas famílias, segundo o Departamen­to de Segurança Doméstica.

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Reprodução A brasileira Lídia Karine Souza, 27, e o filho, Diogo, 9

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