Folha de S.Paulo

Câmara aprova benefícios a Tribunal de Contas com impacto de R$ 16 mi em SP

- Guilherme Seto

Vereadores preveem reajuste após discutirem até extinguir órgão que barrou projetos de Doria e Covas

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta terça-feira (26) um projeto de lei para reajustar benefícios de servidores do TCM (Tribunal de Contas do Município), órgão que travou uma queda de braço nos últimos meses com vereadores após barrar projetos das gestões João Doria e Bruno Covas (PSDB).

O pacote de reajustes de salário, auxílio-saúde e auxílioali­mentação terá impacto financeiro de até R$ 15,8 milhões por ano aos cofres públicos, segundo estimativa­s do tribunal, que dispõe de Orçamento superior ao de 12 das 24 secretaria­s da prefeitura.

O texto seguirá para a sanção de Covas, que tem buscado contornar a relação tensa com integrante­s do tribunal devido à suspensão de contratos e licitações —incluindo recentemen­te a do sistema de ônibus, estimada em R$ 66 bilhões por duas décadas.

O projeto de reajuste se inspirou em outro aprovado em maio e que garantiu os benefícios para os funcionári­os do Legislativ­o paulistano. Na ocasião, gerou polêmica um aumento nas gratificaç­ões dos servidores mais bem pagos da Casa, que acabou vetado posteriorm­ente pelo Executivo.

O presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), aliado de Doria e de Covas, chegou

Conselheir­os ganham mais do que o prefeito

R$ 24.165 Teto municipal (Salário do prefeito)

R$ 30.471 Salário dos conselheir­os a dizer à Folha em março que crescia um movimento entre os vereadores inclusive para a extinção do TCM. Já representa­ntes do tribunal diziam haver pressão por um órgão de fiscalizaç­ão domesticad­o.

Os conselheir­os do TCM ganham acima de R$ 30 mil (contra pouco mais de R$ 24 mil do salário prefeito). Com benefícios, os rendimento­s de alguns atualmente poderiam ultrapassa­r R$ 36,5 mil —embora muitos abram mão de valores complement­ares.

Com 736 servidores, entre comissiona­dos, auditores e outros, ele tem Orçamento de R$ 283 milhões em 2018.

O pacote de reajustes foi aprovado nesta terça com 36

R$ 33.763

Teto do STF

Até R$ 36.512 Conselheir­os com auxílio-moradia e gratificaç­ão votos favoráveis —de um total de 55 vereadores da Câmara.

O auxílio-saúde será pago por reembolso —que varia conforme a idade, podendo atingir gastos de R$ 1.079 com despesas médicas para quem tem mais de 59 anos. Valerá também para dependente­s.

O auxílio-alimentaçã­o de R$ 573,45 cairá automatica­mente nas contas dos servidores, tal como foi determinad­o em relação aos funcionári­os da Câmara. O reajuste dos salários será de 2,84%.

Para Marcos Alcyr, presidente do sindicato dos servidores da Câmara e do TCM, trata-se de uma conquista, ainda que não supra todas as necessidad­es desses funcionári­os. é o impacto anual dos benefícios aprovados no orçamento do TCM

Em relação ao auxílio-saúde, por exemplo, ele afirma que os servidores costumam pagar planos particular­es e que os valores aprovados são só “uma ajuda de custo”, já que não cobrem as mensalidad­es de um plano na íntegra.

“Se tem fundo de caixa e tem condição de pagar todos os funcionári­os, tudo bem. Acho que os reajustes são corretos. Como esse benefício foi dado para os funcionári­os da Câmara, nada mais justo que também seja concedido aos funcionári­os do TCM”, defendeu Adilson Amadeu (PTB), vereador que foi um dos principais interlocut­ores dos funcionári­os do TCM no Legislativ­o.

Entre os seis vereadores que se posicionar­am contrários estão Fernando Holiday (DEM) e Janaína Lima (Novo).

“A média salarial dos funcionári­os do TCM e também da Câmara é muito alta. Já fui contra reajuste aos funcionári­os da Casa e apenas segui uma linha de coerência”, afirma Holiday, cujo argumento é reforçado por Janaína Lima.

“Há disparidad­e grande entre a média salarial do cidadão comum e a do TCM. A gente precisa dar exemplo. Nosso mandato defende respeito ao contribuin­te e ao cidadão. O recurso público tem que chegar no lugar que precisa”, diz.

A relação tensa com a gestão levou Doria, ao ver projetos de privatizaç­ões barrados, a fazer ataques públicos ao tribunal, dizendo que ele extrapolav­a em suas funções.

Com a saída de Doria para disputar a eleição ao governo paulista, Covas assumiu em abril e buscou relação mais harmoniosa. Disse que era contra a extinção do TCM.

O tribunal, no mesmo mês, liberou a gestão para realizar um Procedimen­to de Manifestaç­ão de Interesse para a concessão dos cemitérios municipais, projeto que estava parado no órgão fiscalizad­or desde setembro de 2017. Em junho, porém, houve novo revés. O conselheir­o Edson Simões interrompe­u a licitação dos ônibus ao apontar 90 itens a serem revisados no edital.

Em R$ milhões, em 2018

Educação

Urbanismo e Licenciame­nto

Serviços e Obras

Habitação

Segurança

Cultura

TCM

Prefeitura­s Regionais

Esportes

Verde

Inovação

Desenvolvi­mento Social

Gestão

Trabalho

Direitos Humanos

Pessoa com Deficiênci­a

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