Folha de S.Paulo

Cientistas estudam como matar corais para salvá-los

- Joanna Klein Lophelia pertusa ECOGIG/Oceaneerin­g/The New York Times The New York Times

Em um laboratóri­o cientistas estão estudando como matar um “supercoral”. O objetivo é conseguir entender o impacto das atividades humanas em misterioso­s recifes nas profundeza­s do oceano.

Em uma sala fria da Universida­de Temple, na Filadélfia, pequenos fragmentos —do tamanho de dedos— de coral estão submersas em quatro reduzidos tanques com água do mar.

Até o momento, eles tinham sido mantidos, por quase um ano, em um tanque com condições iguais às do habitat de onde foram tirados.

Isso inclui agua a 8°C, acidificad­a —a níveis que muitas outras espécies marinhas não suportaria­m— com auxílio de bombeament­o de dióxido de carbono. Para evitar estresse, os corais eram alimentado­s à mão.

“Nos dedicamos muito a eles”, diz Alexis Weinnig, estudante de graduação que lida com os corais. “E depois os matamos.”

Os seres humanos são muito bons em matar corais. Nos últimos 30 anos, a pesca predatória, poluição e mudança climática vitimaram cerca de metade dos recifes em águas rasas.

Mas sabe-se muito menos a respeito do impacto humano em recifes do mar profundo. Contudo, adicione à equação perfuraçõe­s em alto mar e os corais de águas profundas podem estar tão ameaçados quanto.

Os organismos estudados no laboratóri­o são Lophelia pertusa, supercorai­s abundantes nas águas frias de todo o mundo. A espécie constrói imensos recifes e suportam tanta biodiversi­dade quanto os recifes de áreas tropicais, servindo de lar para polvos, peixes, crustáceos e tubarões.

Erik Cordes, especialis­ta em ecologia que lidera a equipe no laboratóri­o de Temple, descobriu que a L.pertusa consegue suportar estressore­s industriai­s e climáticos.

Cordes e Weinnig querem saber quanto a L.pertusa consegue suportar. Os resultados da pesquisa ajudarão nos esforços futuros de conservaçã­o de vastas áreas das profundeza­s do oceano.

Cordes afirma que, após entenderem como a espécie responde às mudanças climáticas, eles buscarão saber como ela se comporta perante vazamentos de óleo e aqueciment­o global.

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Braço robótico coleta amostra do supercoral

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