Ruralistas festejam ‘musa do veneno’ por vitória no Congresso
Deputada chefiou a aprovação do relatório que flexibiliza avaliação dos agrotóxicos, incluindo os mais perigosos
Em festa pela aprovação do projeto que facilita o uso de agrotóxicos, deputados da bancada ruralista deram um novo apelido à presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Tereza Cristina (DEM-MS): “Musa do Veneno”.
Ela ganhou o epíteto, irônico, em jantar na noite desta segunda (25), num dos restaurantes preferidos dos congressistas em Brasília.
A deputada chefiou a comissão que aprovou o projeto de lei chamado pela oposição de “PL do Veneno”.
Numa longa mesa em formato de “u”, em restaurante à beira do lago Paranoá, os ruralistas comemoraram a vitória com vinho, bacalhau e discursos inflamados. A Folha acompanhou o encontro.
“Nós ganhamos a batalha, mas ainda temos uma guerra”, disse Cristina. Em clima festivo, o jantar dos ruralistas reuniu pelo menos 40 pessoas
Deputada de primeiro mandato, a presidente da bancada ruralista foi eleita pelo PSB, partido que chegou a liderar na Câmara até se desligar em outubro de 2017 por ser contrário à denúncia contra o presidente Michel Temer, enterrada pela Casa. O partido depois tentou expulsar a antiga líder por ter votado a favor da reforma trabalhista.
A engenheira agrônoma migrou para o Democratas neste ano, junto com deputados da chamada “ala direitista” do PSB, como Heráclito Fortes (PI). Em fevereiro, assumiu a presidência da frente agropecuária no Congresso.
À frente da comissão, a deputada protagonizou polêmicas. Na sessão de segunda (25), por exemplo, impediu a entrada de assessores dos deputados no plenário da Casa. Após críticas da oposição, a deputada voltou atrás na decisão.
A batalha começou em maio, quando o deputado Luiz Nishimori (PR-PR), sentado a duas cadeiras da parlamentar, apresentou seu relatório favorável à mudança da legislação de agrotóxicos.
O texto, criticado por ambientalistas e entidades de saúde como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), cria um rito sumário para o registro de agrotóxicos. Também prevê a mudança na nomenclatura do produto, que passa a se chamar “pesticida”.
Além disso, o Ministério da Agricultura assume o processo de registro dos agrotóxicos.
Ainda passa a existir um prazo máximo para que novos produtos sejam analisados pelo governo. Se isso não ocorrer em até dois anos, receberão um registro provisório.
Segundo a bancada, as mudanças modernizam as normas do setor.