Folha de S.Paulo

Vídeo muda decisão de árbitro em 9 de 11 lances interpreta­tivos

Já as chamadas do VAR sem a consulta do juiz à TV no gramado tiveram somente duas mudanças de decisão

- -Amanda Lemos, Raphael Hernandes e Fábio Aleixo Ricardo Moraes - 16.jun.18/Reuters Lucy Nicholson - 25.jun.18/Reuters Toru Hanai - 20.jun.18/Reuters

O uso do VAR (árbitro de vídeo) pela primeira vez em uma Copa não acabou com as polêmicas e a influência da interpreta­ção dos árbitros nas partidas.

Levantamen­to feito pela Folha nos 40 jogos do torneio até agora mostra que o VAR foi usado em ao menos 17 oportunida­des. Em 11 delas, a revisão aconteceu em um lance interpreta­tivo —com consulta ao monitor localizado ao lado do gramado. Em 9 dessas 11 revisões, a interpreta­ção inicial do árbitro foi alterada.

Um exemplo aconteceu no empate em 1 a 1 entre Portugal e Irã, na segunda-feira (25). O paraguaio Enrique Cáceres não notou um tapa de Cristiano Ronaldo em um adversário. Foi avisado pelo ponto eletrônico, correu para o monitor e, aí sim, resolveu dar cartão amarelo para o atacante.

Na primeira rodada, um pênalti da Austrália sobre o francês Griezmann, que passou despercebi­do em campo, só foi assinalado após a análise de imagens pelo árbitro uruguaio Andrés Cunha.

Em compensaçã­o, na vitória da Argentina sobre a Nigéria, nesta terça (26), a avaliação inicial do árbitro persistiu. Em uma bola levantada na área argentina foi claro o toque na mão de Marcos Rojo. O árbitro turco Cuneyt Cakir não viu, mas foi avisado de uma possível infração.

Ele correu para o monitor e resolveu não assinalar a penalidade. No retorno ao gramado, ele explicou aos nigerianos que, em sua interpreta­ção, o toque da bola na cabeça do jogador argentino antes dela chegar ao braço descaracte­rizou a penalidade.

“Nem toda a [bola na] mão é falta. Existe uma zona cinza, não sabemos até quando o jogador necessita da mão ou não em um lance. É preciso avaliar se é deliberado ou não. A imagem ajuda, temos a nossa orientação. Mas, no final, se resume a uma questão de interpreta­ção”, afirmou antes do início da Copa Massimo Busacca, diretor da Comissão de Arbitragem da Fifa.

A consulta ao monitor na beira do campo existe desde que o VAR foi usado pela primeira vez pela Fifa, no Mundial de Clubes de 2016. Mas, nesta Copa, houve uma mudança de protocolo e agora em apenas algumas situações o juiz é orientado a consultar o replay.

São elas: o impediment­o de jogadores que podem ter interferid­o em lance de gol, faltas que levem a um gol, a marcação de um pênalti e lances que possam resultar em cartão vermelho direto. Nas outras situações, tidas como não interpreta­tivas —se a bola saiu ou não de campo antes de um gol, por exemplo—, a palavra vinda da central em Moscou, onde o quarteto responsáve­l pelo sistema de árbitro de vídeo assiste ao jogo por 33 câmeras, deve ser acatada sem que o árbitro reveja o lance.

Isso aconteceu seis vezes na Copa. Em duas delas, houve mudança do que havia sido marcado inicialmen­te.

Em seu único comunicado sobre o VAR desde o início da Copa, a Fifa disse estar satisfeita e admitiu “que haverá discussões e opiniões divididas em certas decisões”. A entidade fará novo balanço sobre o VAR antes das oitavas. O uso do VAR na Copa

Juízes mudaram decisão na maioria dos casos em que árbitro de vídeo reviu lance

Mudou de decisão Manteve a decisão consultas do árbitro em campo ao monitor casos de lance não interpreta­tivo, quando o árbitro não consulta o monitor

 ??  ?? Cristiano Ronaldo reage a marcação por meio do árbitro de vídeo em jogo de Portugal contra o Irã
Cristiano Ronaldo reage a marcação por meio do árbitro de vídeo em jogo de Portugal contra o Irã
 ??  ?? O árbitro Bakary Gassama sinaliza o uso do VAR em lance da partida entre Peru e Dinamarca
O árbitro Bakary Gassama sinaliza o uso do VAR em lance da partida entre Peru e Dinamarca
 ??  ?? Andrés Cunha, o primeiro a utilizar o VAR em Mundiais, indica revisão de gol do Irã contra a Espanha
Andrés Cunha, o primeiro a utilizar o VAR em Mundiais, indica revisão de gol do Irã contra a Espanha

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