Vídeo muda decisão de árbitro em 9 de 11 lances interpretativos
Já as chamadas do VAR sem a consulta do juiz à TV no gramado tiveram somente duas mudanças de decisão
O uso do VAR (árbitro de vídeo) pela primeira vez em uma Copa não acabou com as polêmicas e a influência da interpretação dos árbitros nas partidas.
Levantamento feito pela Folha nos 40 jogos do torneio até agora mostra que o VAR foi usado em ao menos 17 oportunidades. Em 11 delas, a revisão aconteceu em um lance interpretativo —com consulta ao monitor localizado ao lado do gramado. Em 9 dessas 11 revisões, a interpretação inicial do árbitro foi alterada.
Um exemplo aconteceu no empate em 1 a 1 entre Portugal e Irã, na segunda-feira (25). O paraguaio Enrique Cáceres não notou um tapa de Cristiano Ronaldo em um adversário. Foi avisado pelo ponto eletrônico, correu para o monitor e, aí sim, resolveu dar cartão amarelo para o atacante.
Na primeira rodada, um pênalti da Austrália sobre o francês Griezmann, que passou despercebido em campo, só foi assinalado após a análise de imagens pelo árbitro uruguaio Andrés Cunha.
Em compensação, na vitória da Argentina sobre a Nigéria, nesta terça (26), a avaliação inicial do árbitro persistiu. Em uma bola levantada na área argentina foi claro o toque na mão de Marcos Rojo. O árbitro turco Cuneyt Cakir não viu, mas foi avisado de uma possível infração.
Ele correu para o monitor e resolveu não assinalar a penalidade. No retorno ao gramado, ele explicou aos nigerianos que, em sua interpretação, o toque da bola na cabeça do jogador argentino antes dela chegar ao braço descaracterizou a penalidade.
“Nem toda a [bola na] mão é falta. Existe uma zona cinza, não sabemos até quando o jogador necessita da mão ou não em um lance. É preciso avaliar se é deliberado ou não. A imagem ajuda, temos a nossa orientação. Mas, no final, se resume a uma questão de interpretação”, afirmou antes do início da Copa Massimo Busacca, diretor da Comissão de Arbitragem da Fifa.
A consulta ao monitor na beira do campo existe desde que o VAR foi usado pela primeira vez pela Fifa, no Mundial de Clubes de 2016. Mas, nesta Copa, houve uma mudança de protocolo e agora em apenas algumas situações o juiz é orientado a consultar o replay.
São elas: o impedimento de jogadores que podem ter interferido em lance de gol, faltas que levem a um gol, a marcação de um pênalti e lances que possam resultar em cartão vermelho direto. Nas outras situações, tidas como não interpretativas —se a bola saiu ou não de campo antes de um gol, por exemplo—, a palavra vinda da central em Moscou, onde o quarteto responsável pelo sistema de árbitro de vídeo assiste ao jogo por 33 câmeras, deve ser acatada sem que o árbitro reveja o lance.
Isso aconteceu seis vezes na Copa. Em duas delas, houve mudança do que havia sido marcado inicialmente.
Em seu único comunicado sobre o VAR desde o início da Copa, a Fifa disse estar satisfeita e admitiu “que haverá discussões e opiniões divididas em certas decisões”. A entidade fará novo balanço sobre o VAR antes das oitavas. O uso do VAR na Copa
Juízes mudaram decisão na maioria dos casos em que árbitro de vídeo reviu lance
Mudou de decisão Manteve a decisão consultas do árbitro em campo ao monitor casos de lance não interpretativo, quando o árbitro não consulta o monitor