Folha de S.Paulo

O Brasil precisa manter o equilíbrio emocional; se bobear, perde

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina

- Tostão

A Argentina, com um belo gol, provável, de Messi, e outro, de Rojo, improvável, continua na Copa. Nesta quarta (27), o Brasil, contra a Sérvia, e a Alemanha, contra a Coreia do Sul, devem confirmar as vagas.

O holandês Seedorf, craque do meiocampo, disse no Seleção SporTV que Kroos, pelos enormes recursos técnicos, poderia jogar ainda melhor, sem dar tantos passes horizontai­s. Penso o mesmo. Ele tenta pouco o passe para a frente e também poderia finalizar mais, pois executa isso com precisão.

Por outro lado, os grandes armadores não são apenas os que dão, de vez em quando, ótimos lançamento­s para gol, mas também os que fazem as escolhas certas, erram pouquíssim­os passes e não tentam passar a bola para o companheir­o marcado. Além disso, Kroos é um meio-campista que inicia as jogadas no próprio campo, longe do outro gol. Não é um meia ofensivo.

Coutinho se adaptou muito bem à função de meio-campista, jogando em espaço maior. Ele não tem o domínio do jogo nem é tão organizado­r como Kroos, porém avança, dribla, dá passes decisivos e é excelente finalizado­r. Falta à Alemanha um Coutinho, e ao Brasil, um Kroos. Os dois se completam.

Tite precisa ser mais duro, franco, com Neymar e exigir que ele pare de dar chiliques, de reclamar, de discutir e de simular, como no pênalti corretamen­te anulado contra a Costa Rica.

Já seu comportame­nto brega, fora de campo, frequente com as celebridad­es, é problema dele, desde que não atrapalhe o desempenho em campo. Segundo várias informaçõe­s, Neymar se prepara bem para todos os jogos. Isso é o importante.

Neymar atuou os dois primeiros jogos muito aberto, recebendo a bola de costas para o lateral, o que facilita o desarme. Ele é espetacula­r quando entra em diagonal e se aproxima da área, onde tem a chance de finalizar, passar e driblar, uma de suas grandes qualidades. Quando perde a bola, mesmo perto da área, os Zé Regrinhas o criticam. Neymar, drible, drible, no instante certo!

Tite escalou o mesmo time que iniciou o jogo anterior. Teve bom senso em não tirar Coutinho do meio e colocá-lo na ponta. Sairia Willian.

O Brasil é favorito, porém precisa jogar bem e ter equilíbrio emocional, não entrar em pânico se a Sérvia fizer um gol nem ficar, desde o início, indeciso se pressiona ou se tem mais cuidados defensivos, já que basta o empate. Se bobear, perde.

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