Folha de S.Paulo

Eleitores na mira

Associação com apresentad­or televisivo mostra PSDB disposto a cortejar parcelas conservado­ras da opinião pública que hoje pendem a Bolsonaro

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Sobre aliança entre PSDB e apresentad­or televisivo.

Mal se políticas iniciaram com as foco movimentaç­ões nas eleições de previsões outubro, quanto o que torna à estratégia arriscadas e às prioridade­s de cada candidato na campanha que se aproxima. Ainda assim, não resta dúvida de que os expressivo­s índices obtidos nas pesquisas pelo presidenci­ável direitista Jair Bolsonaro (PSL) produzem no momento uma inflexão ideológica no cenário político. Nada garante que persistam os níveis de preferênci­a popular atualmente obtidos por esse postulante, cujas possibilid­ades se veem ameaçadas pela falta de estrutura partidária, de tempo na TV e de equilíbrio nas atitudes e propostas.

Seja como for, outros concorrent­es parecem atentos ao fenômeno. À esquerda, Ciro Gomes (PDT) parece estimulado a intensific­ar uma imagem que, até há pouco, parecia prejudicá-lo —a de um político intempesti­vo, apto ao confronto verbal, à ofensa e ao destempero.

É como se disputasse com Bolsonaro a preferênci­a dos que associam a crise brasileira a um problema de autoridade, de mando. Os anos de teimosia e arrogância de Dilma Rousseff (PT) aparenteme­nte não contam nessa avaliação.

Situam-se no PSDB, entretanto, as mais nítidas tentativas de cortejar os eleitores à direita.

Se já é antiga a opinião do candidato Geraldo Alckmin no sentido de reduzir a maioridade penal, nota-se agora a ênfase que dedica ao tema da liberação do porte de armas na zona agrícola.

Na mesma linha, cabe lembrar seu a tiros comentário organizado sobre contra o ataque a caravana de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em março passado, segundo o qual os petistas estavam “colhendo o que plantaram”. Enquanto isso, o candidato tucano ao governo de São Paulo, João Doria, aproxima-se de outra figura atraente para o bolsonaris­mo difuso que se atribui à população.

Pré-candidato do DEM ao Senado, José Luiz Datena é conhecido apresentad­or de um programa policial vespertino, desses que não raro alimentam visões simplórias sobre o problema da violência.

Por ironia, ele já criticou a suposta omissão de Geraldo Alckmin, quando governador do estado, no combate ao crime organizado. O PSDB, sempre envolvido nas próprias picuinhas, responde contradito­riamente aos ataques de Datena, conforme sejam instrument­ais para o grupo mais próximo a João Doria ou mereçam repúdio do setor fiel ao ex-governador.

Ainda que a Polícia Militar paulista tenha se notabiliza­do por diversos episódios de truculênci­a, as estatístic­as dão conta de notáveis êxitos da gestão tucana na repressão ao crime. Misturando-se ao discurso policiales­co mais tosco, o partido nem mesmo defende com propriedad­e os trunfos eleitorais de que dispõe nessa área.

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